terça-feira, 19 de maio de 2015

Crítica: O Julgamento de Viviane Amsalem (2014)


Em Israel, os rabinos são os únicos que podem realizar casamentos, assim como também são os únicos que possuem o poder de desfazê-los. Partindo dessa premissa, O Julgamento de Viviane Amsalem (Gett) conta a história da personagem título (Ronit Elkabetz), uma mulher que luta desesperadamente na justiça para conseguir seu divórcio de Elisha Amsalem (Simon Abkarian).



Para que um casamento seja desfeito no país os dois lados precisam consentir, sem exceção, e Elisha se nega veemente a "libertar" Viviane do casamento. É interessante analisar que a direção não se preocupou em mostrar o real motivo dela querer a separação, deixando isso implícito. Viviane simplesmente não é mais feliz ao lado de Elisha (talvez nunca tenha sido), e quer ter a chance de tentar a felicidade em outro lugar, e só isso já deveria ser motivo suficiente para ela conseguir o que quer.

Na disputa judicial, é Viviane contra um tribunal composto inteiramente por homens, que defendem uma lei arcaica feita por eles mesmos. Não querer mais dividir o mesmo teto com alguém que lhe causa repulsa é quase visto como um crime perante a sociedade, sobretudo quando tal ideia parte da mulher. E o mais incrível é como alguém pode querer continuar casado com uma pessoa que lhe odeia só pelo prazer de ver o outro infeliz?

Outro ponto interessante, é que são ouvidas durante o processo uma série de testemunhas, e cada uma delas tenta palpitar na vida do casal, dizendo o que é certo e o que é errado. Todos acham que sabem de tudo que acontece entre os dois, quando na verdade tudo não passa de suposições. É a velha história do "cuidado com a vida alheia", enquanto a sua própria é tão bagunçada quanto.



Os 115 minutos do filme se passam inteiramente da pequena sala do tribunal, e mesmo assim prende a atenção até o final, tamanha competência do roteiro. Com bons diálogos e até mesmo algumas cenas engraçadas, ele nos leva a conhecer um pouco mais do martírio que passam as mulheres em países onde elas tem pouco ou quase nada de direitos. 

Por fim, com boas atuações, principalmente de Ronit Elkabetz (que também dirige o filme), O Julgamento de Viviane Amsalem é um excelente tratado sobre a luta das mulheres ao redor do mundo por liberdade de expressão e pensamento. Viviane é um exemplo a ser seguido, de uma mulher forte que enfrenta de frente a sociedade machista.


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