quinta-feira, 23 de julho de 2015

Crítica: A História da Eternidade (2015)


O sertão nordestino já foi cenário de muitos dos melhores filmes já feitos pelo cinema nacional, e ele volta a ser explorado de forma brilhante em A História da Eternidade filme do estreante Camilo Cavalcante que conquistou o público e a crítica no Festival de Paulínia deste ano, onde levou todos os prêmios para casa.



A trama se passa em um minúsculo vilarejo localizado em algum ponto do nordeste, e intercala a história de três mulheres, com seus amores e suas dores. Alfonsina (Débora Ingrid) é uma menina ingênua que está prestes a completar 15 anos e tem como grande sonho um dia conhecer o mar. Seu pai é um homem rígido e machista que demonstra pouco afeto, o que ela acaba encontra em seu tio João (Irandhir Santos), um homem artístico que é mal visto pelos habitantes do local por sua excentricidade.

Na casa ao lado vive Querência (Marcélia Cartaxo), uma mulher que está desorientada e de luto após perder o filho pequeno, e não sabe se deve ou não ceder aos galanteios de Aderaldo (Leonardo França), um sanfoneiro cego que não mede esforços para conquistar o seu coração. O filme ainda conta a história de Das Dores (Zezita Matos), uma senhora viúva que tem a rotina alterada depois da chegada do neto Geraldo (Maxwell Nascimento) que mora em São Paulo com a mãe, e cuja visita guarda um grande segredo.




Por coincidência ou não, todas as histórias trazem um fim trágico e inesperado, que põe à prova a tranquilidade daquela pacata região. Contado de forma lírica, o filme possui cenas realmente memoráveis. Como esquecer, por exemplo, da cena em que João faz uma encenação com a música "Fala", do grupo Secos & Molhados? Impossível. Só assistindo para sentir a emoção que ela transmite.

Cada personagem do filme é trabalhado nos detalhes, e o ritmo cadenciado facilita para criarmos uma empatia muito grande com cada um deles. São pessoas comuns, mas com histórias fascinantes. Pessoas solitárias mas cheias de sonhos, que amam e sofrem ao mesmo tempo, e que vêem o tempo escorregar por entre os dedos entendendo que a vida é isso mesmo: um misto de sentimentos.



O roteiro mistura a banalidade da vida com a brutalidade repentina do ser-humano. Começa tocante, se torna curioso e termina impactante. A fotografia é espetacular, e a trilha sonora impecável. Não é exagero portanto dizer que trata-se de um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos, e talvez o melhor de 2015. 

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