quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Os 25 melhores filmes lançados no Brasil em 2015

Mais um ano está chegando ao fim, e como já é de praxe, é hora de fazer a retrospectiva com os melhores filmes do ano. Cerca de 360 filmes, quase um por dia, entraram em cartaz no Brasil desde 1º de janeiro, e pode-se dizer que foi um ano repleto de boas estórias. Alguns dessa lista estrearam comercialmente nas principais salas do país, outros foram exibidos apenas em amostras, e tem ainda aqueles que sequer passaram pelo cinema, indo direto para as locadoras ou para serviços de streaming. Enfim, sem mais delongas, vamos a eles:

25º Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert (Brasil)

Escolhido para representar o Brasil no Óscar 2016, Que Horas Ela Volta? é o cinema nacional em sua melhor forma. Com um olhar crítico sobre a sociedade e seus preconceitos velados, o longa de Anna Muylaert foge de qualquer esteriótipo e emociona com uma história extremamente humana. Val (Regina Casé) é uma pernambucana que trabalha há mais de uma década como empregada em uma casa de classe alta em São Paulo. Sua visão de mundo, e principalmente do seu lugar nele, começa a mudar depois que sua filha Jéssica vem de Pernambuco para prestar vestibular e fica hospedada na mesma casa. O filme é tão sincero que parece um documentário, e a atuação de Casé é no mínimo de se aplaudir de pé.

24º Quando Meus Pais Não Estão em Casa, de Anthony Chen (Singapura)

No seu primeiro trabalho como diretor, Anthony Chen traz uma obra densa que ao mesmo tempo em que encanta também nos choca. O enredo de Quando Meus Pais Não Estão em Casa (Ilo Ilo) conta a história de Teresa, uma jovem filipina que aceita trabalhar como empregada em uma casa de Singapura. Além dos afazeres de casa ela tem a missão de cuidar do filho do casal, um menino mal educado e com sérios problemas de comportamento. Aos poucos, porém, ela vai driblando as dificuldades e consegue criar uma forte amizade com o garoto. O longa é super simples, e encanta pela beleza. Além disso, serve como um retrato bastante fiel da cultura daquele país, e da crise econômica que o assolou na última década.

23º A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante (Brasil)
O sertão nordestino já foi cenário de muitos dos melhores filmes já feitos pelo cinema nacional, e voltou a ser explorado de forma brilhante em A História da Eternidade, do estreante Camilo Cavalcante. A trama do filme se passa em um minúsculo vilarejo, localizado em algum ponto do nordeste, e intercala a história de três mulheres, com seus mais diversos sentimentos. Alfosina (Débora Ingrid), uma menina ingênua que está prestes a completar 15 anos, sonha conhecer o mar e para isso recebe a ajuda do seu tio João (Irandhir Santos). Querência (Marcélia Cartaxo) está desorientada e de luto após perder o filho pequeno, e não sabe se cede aos galanteios de um vizinho. Por fim tem Das Dores (Zezita Matos), que tem a rotina transformada com a vinda do neto que foi morar em São Paulo, numa visita cheia de segredos. Misturando a banalidade da vida com a brutalidade repentina do ser-humano, temos um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos.

22º Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller (Estados Unidos)

Quem apostaria que Mad Max, trilogia que fez sucesso nos anos 1980, ganharia uma quarta sequência em 2015? E mais, que essa sequência seria superior a todos os filmes anteriores? Pois é o que aconteceu com Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), que surpreendeu o mundo todo, principalmente quem torce o nariz para remakes e reboots. O cenário é o mesmo dos outros longas: um mundo pós-apocalíptico, desolado e sem água, onde a luta pela sobrevivência é extremamente violenta. A atmosfera do filme também segue a mesma, com personagens e acontecimentos bizarros, que beiram a insanidade. Cru e visceral, é um filme hipnotizante, que não pára um segundo sequer para podermos respirar. Muito acima da média dos filmes de ação lançados nos últimos anos, disso não se pode duvidar.

21º O Agente da U.N.C.L.E., de Guy Ritchie (Estados Unidos)
Guy Ritchie voltou em grande estilo e me surpreendeu com O Agente da U.N.C.L.E. (The Man from U.N.C.L.E.), que traz uma estória curiosa que se passa em meio à Guerra Fria. Napoleon Solo (Henry Cavell) é o melhor agente da CIA no início dos anos 1960, e recebe a missão de se infiltrar em um grupo criminoso para evitar a construção de uma bomba atômica que seria capaz de varrer do mapa as maiores nações do mundo. Para isso conta com a improvável ajuda do russo Illia Kuryakin (Armie Hummer), um inimigo de longa data que o é enviado russo para a missão. Ritchie conduz um roteiro cheio de reviravoltas com mão firme, e usa e abusa do seu já característico humor negro.

20º A Travessia, de Robert Zemeckis (Estados Unidos)

Em 1974, o equilibrista francês Philippe Petit resolveu pôr em prática um plano audacioso: atravessar apenas sob uma corda o vão existente entre as duas torres do World Trade Center em Nova Iorque, que estavam em fase final de construção. Contando com a ajuda de amigos e desconhecidos que se voluntariaram, ele conseguiu fazer a travessia mesmo sendo ilegal. Por isso mesmo, a tarefa ganhou dificuldades ainda maiores, e tudo teve que ser planejado nos mínimos detalhes para não ser descoberto. O novo filme de Zemeckis (de Forrest Gump, Náufrago e De Volta para o Futuro) conta essa história de redenção e coragem de forma sensível, e o destaque é a excelente estética visual, principalmente nas cenas da travessia.

19º Corações de Ferro, de David Ayer (Estados Unidos)
Corações de Ferro (Fury), novo filme do diretor David Ayer, pode ser considerado um dos trabalhos mais injustiçados do ano, já que foi esquecido completamente pelas mais importantes premiações de cinema. O filme, que se passa na reta final da Segunda Guerra, acompanha um comboio de tanques americanos que é enviado ao território alemão para enfrentar cara a cara o inimigo. O principal deles é comandado pelo sargento Collier (Brad Pitt), que tem sob seu comando o jovem Norman (Logan Lerman), um garoto que nunca recebeu treinamento adequado para estar em conflito armado e precisa aprender a se virar de um dia para o outro.

1 Terceira Pessoa, de Paul Haggis (Estados Unidos/Inglaterra)

Paul Haggis ficou conhecido em 2004 ao levar para casa o Óscar de melhor filme por Crash: No Limite, que trazia três histórias paralelas que em algum momento do enredo se cruzavam. Em Terceira Pessoa (Third Person) ele volta a usar esse formato ao mostrar histórias distintas que ocorrem em três locais diferentes: em Roma, Paris e Nova York. Com um elenco de peso, que conta com os nomes de Liam Neeson, Olivia Wilde, Adrien Brody, Mila Kunis, James Franco, Kim Basinger, entre outros, o filme traz inúmeras reviravoltas e aborda com competência temas como o amor, a mentira, e principalmente o sentimento de culpa.

17º Mais Perto da Lua, de Nae Caranfil (Estados Unidos/Romênia)

Mais Perto da Lua (Closer to the Moon), do romeno Nae Caranfil, mostra um caso real que ocorreu na Romênia no final dos anos 1950 envolvendo cinco judeus que faziam parte da resistência comunista no país. Eles planejaram um roubo a banco e a estratégia era a seguinte: render os funcionários enquanto fingiam para a população que tudo não passava da gravação de um filme de ação, em alta na época com a chegada do cinema americano na Europa. Apesar do plano genial, eles acabaram sendo presos e condenados à morte, mas antes, foram obrigados a reencenar o ato, dessa vez realmente em frente à câmeras. Com muito bom humor e excelentes referências da época, o filme é uma grata surpresa.

1 Labirinto de Mentiras, de Giulio Ricciarelli (Alemanha)

Representante alemão no próximo Óscar, Labirinto de Mentiras (Im Labyrinth des Schweigens) se passa na Alemanha no final dos anos 1950 e conta a estória de um promotor que resolve investigar crimes ligados aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, que culminou no "Julgamento de Auschwitz" onde 17 oficiais foram condenados por crimes contra a humanidade. A tarefa no entanto não foi nada fácil, já que passados treze anos do fim da guerra a população em geral fingia que nada tinha acontecido. Para encontrar as informações que precisava, Johann (Alexander Fehling) precisou enfrentar um verdadeiro labirinto de arquivos e testemunhas, mas engajado na causa, ele não desistiu até conseguir.

15º 10.000 Km, de Carlos Marques-Marcet (Espanha)
É possível manter uma relação amorosa à distância? Esse é um dilema que muitos casais hoje em dia tem que passar, e o espanhol Carlos Marques-Marcet conseguiu captar isso com extrema competência em sua estreia como roteirista e diretor. A estória gira em torno de Alexandra (Natalia Tena) e Sergi (David Verdaguer), um casal apaixonado e cheio de sonhos que vive em Barcelona. Depois de Alexandra receber uma proposta irrecusável de emprego nos Estados Unidos, os dois se vêem obrigados a passar meses longe um do outro, e como era de se esperar a relação vai se desgastando aos poucos. Apesar de tudo, eles tentam de todas as formas retornar ao que eram antes, mas isso é mais difícil do que parece. Esse desgaste na relação do casal é mostrado naturalmente, sem apelação, e é isso que faz o filme ser tão bom. Infelizmente não estreou comercialmente, mas foi possível assistir em amostras espalhadas pelo país e não é difícil encontrar pela internet.

14º Corações Famintos, de Saverio Costanzo (Estados Unidos/Itália)

Jude (Adam Driver) e Mina (Alba Rohrwacher) se conhecem da forma mais inesperada possível e logo surge entre eles uma bonita relação. Porém, se engana quem acha que o filme, partindo dessa premissa, é mais um romance como tantos outros. Na medida que o filme vai passando, vamos acompanhando uma mudança drástica na personalidade de Mina (ou será que ela já era assim e conseguia esconder muito bem?), principalmente depois do nascimento do primeiro filho do casal. A superproteção pela criança faz com que Mina se torne paranoica e afaste todos do seu próprio convívio. As atuações do filme são o que mais chamam a atenção, tanto que os atores dividiram os prêmios de melhor ator e melhor atriz no último Festival de Veneza.

13º Beasts of no Nation, de Cary Fukunaga (Estados Unidos)

Alguns filmes são essenciais para abrir os olhos do mundo para temas que a grande maioria prefere fazer vista grossa. Beasts of no Nation, primeiro filme original feito pela Netflix e dirigido pelo promissor Cary Fukunaga (da série True Detective), é um retrato corajoso das guerras civis em países africanos. O enredo acompanha o menino Abu (Abraham Attah), que vê sua família inteira ser morta e logo depois é capturado pelos rebeldes para se tornar mais um dos soldados na luta. Essa é justamente a principal crítica do filme: o ato de transformar crianças inocentes em máquinas de matar, fazendo com que elas cresçam da pior maneira e no ambiente mais hostil possível. O fato do filme não se passar em um país específico serve justamente para passar a ideia de que isso ocorre em muitos lugares diferentes, e no final deixa aquele sentimento de impotência de sabermos que a realidade está aí e não podemos fazer nada para mudar.

12º Orgulho e Esperança, de Matthew Warchus (Inglaterra)

O preconceito contra os homossexuais ainda é muito presente na nossa sociedade, mas muito já se fez e continua sendo feito para mudar essa situação. Orgulho e Esperança (Pride), do britânico Matthew Warchus, conta uma curiosa história que ocorreu na Inglaterra em 1984, quando mineiros em greve ganharam o apoio de um grupo de homossexuais. Apesar de ambos estarem lutando por direitos, os mineiros se negaram a aceitar a ajuda por causa do forte preconceito. Em contrapartida, muitos gays não aderiram ao grupo, justamente por causa de todos os anos em que sofreram com piadinhas e desaforos. Coube a Mark (Ben Schnetzer) unir esses dois grupos distintos, em uma lição de igualdade tratada com muito bom humor e cenas memoráveis.



11º Star Wars - O Despertar da Força, de J. J. Abrams (Estados Unidos)
A força voltou com tudo neste que já é considerado por alguns o melhor longa de toda a saga. Exagero? Talvez não, visto que o filme é realmente tudo aquilo que os fãs esperavam depois de tanto tempo. A trama, que se passa 30 anos após os eventos ocorridos em "O retorno do Jedi", foca na busca por Luke Skywalker, o último dos Jedi que está sumido há anos. De um lado dessa busca está a Primeira Ordem, que surgiu das cinzas do antigo império e pretende acabar com os dias de paz na galáxia. Do outro está a resistência, liderados pela General Leia (Carrie Fisher). No meio de tudo está a jovem Rey (Daisy Ridley) e o ex-stormtrooper Finn (John Boyega), além de personagens já conhecidos da saga como Hans Solo (Harrison Ford).

10º Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), de Alejandro González Iñarritú (Estados Unidos)

Grande vencedor do Óscar este ano, o novo filme do mexicano Alejandro González Iñarritú, de quem sou fã de longa data, causou sentimentos de ódio e amor e dividiu opiniões, sobretudo por causa de seu final subjetivo. O filme nos conta a estória de Riggan Thomson (Michael Keaton), um homem que nos anos 90 ficou famoso por estrelar uma série de filmes do personagem "Birdman". Depois de rejeitar viver novamente o personagem ele viu sua carreira cair no ostracismo, e encontrou a chance de se reerguer no teatro. O enredo faz uma crítica ácida ao mundo do entretenimento, onde é preciso cada vez mais ação e efeitos para agradar o grande público. Filmado como se fosse um enorme plano sequência, Birdman tem cenas memoráveis, e abusa justamente daquilo que mais tem feito falta no cinema atual: a originalidade.

O Jogo da Imitação, de Morten Tyldum (Inglaterra)

Uma das sensações no último Óscar, O Jogo da Imitação (The Imitation Game) conta a vida do matemático Alan Turing, que se alistou como voluntário no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial para ajudar a decifrar o "Enigma", codificação utilizada pelo exército alemão para trocar mensagens entre eles sem serem descobertos. Com mais de 159 milhões de combinações possíveis, era inimaginável que algum dia alguém conseguisse quebrar o código, mas Turing e sua equipe conseguiram criar uma máquina capaz de fazer isso, que viria a ser também o protótipo dos computadores que hoje conhecemos. Apesar de ter sido um nome essencial para a derrota alemã na guerra, Turing foi perseguido e preso pelo governo britânico por ser homossexual, e a Inglaterra levou mais de meio século para reconhecer seu trabalho e se desculpar publicamente sobre o ocorrido (infelizmente ele já não era mais vivo para ver isso com seus próprios olhos).

8º Capital Humano, de Paolo Virzi (Itália)

Capital Humano (Il Capitale Umano), do italiano Paolo Virzi, é uma das grandes surpresas do ano. Contado em quatro capítulos, o longa mostra a história de Dino (Fabrizio Bentivoglio), um vendedor que sonha fazer parte da alta sociedade. A chance disso acontecer surge quando sua filha faz amizade com o filho de um milionário, mas no meio disso tudo há uma situação trágica que ameaça pôr seu sonho a perder. O roteiro é muito inteligente e brinca com o espectador ao contar a mesma história diversas vezes, sob pontos de vistas diferentes, mostrando que nem sempre o que parece é. Trata-se na verdade de um verdadeiro estudo social e comportamental do homem moderno, com sua ambição, seus desejos e sua falta de escrúpulos para tentar chegar onde quer.

7º Para Sempre Alice, de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (Estados Unidos)
O Alzheimer é terrível e só quem teve alguém na família com a doença sabe o quanto é duro lidar com isto. Em Para Sempre Alice (Still Alice), acompanhamos a reação e o dia-dia de Alice (Julianne Moore) depois que ela descobre estar precocemente com a doença. Amparada pelos familiares, ela vai tentando viver sua rotina normalmente, mas isso vai ficando cada dia mais difícil. Conceituada na profissão de professora, ela vai perdendo aos poucos sua própria personalidade, e isso é o que mais lhe dói. Apesar do enredo triste, a direção não apela para o dramalhão e faz questão de fugir dos clichês vistos em filmes do gênero, e o ponto máximo é a atuação de Julianne Moore, que finalmente recebeu seu primeiro Óscar da carreira.

6º O Julgamento de Viviane Amsalem, de Shlomi Elkabetz (Israel)
Em Israel, os rabinos são os únicos que podem realizar casamentos, assim como também são os únicos que tem o poder de desfazê-los. Partindo dessa premissa, O Julgamento de Viviane Amsalem (Gett) conta a história da personagem título (Ronit Elkabetz), uma mulher que luta desesperadamente na justiça para conseguir seu divórcio de Elisha (Simon Abkarian). A lei do país, no entanto, exige que para haver divórcio é necessário o consentimento dos dois lados, e Elisha se nega veemente a aceitar a separação. Se a situação já era difícil para Viviane, piora ainda mais por ela estar diante de um tribunal composto somente de homens, que defendem uma lei arcaica e machista feita por eles mesmos. Com excelentes diálogos e até mesmo uma pequena dose de humor, o filme nos leva a conhecer um pouco mais sobre o martírio que muitas mulheres ainda tem que enfrentar em busca da liberdade de escolha, em pleno século 21.

5º A Ditadura Perfeita, de Luis Estrada (México)

Lançado em primeira mão na Netflix, o mexicano A Ditadura Perfeita (La Dictadura Perfecta) mostra de forma universal o poder que a mídia tem de manipular e mudar qualquer coisa que queira, principalmente quando se trata de política. Na trama, o governador Carmelo Vargas (Damián Alcázar) sonha se tornar presidente do México, mas seu envolvimento com o crime organizado e um gigantesco esquema de propinas é escancarado depois que um vídeo seu vai parar na televisão em horário nobre. A estratégia do partido para limpar seu nome é se aliar com a maior emissora de televisão do país, para juntos manipular a população e desviar a atenção do escândalo, usando de artimanhas extremante baixas e antiéticas. Qualquer semelhança com a realidade, inclusive a nossa, não é mera coincidência.

4º Whiplash - Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle (Estados Unidos)

Todo sucesso tem um preço, e às vezes ele acaba sendo bastante caro. Whiplash - Em Busca da Perfeição (Whiplash) mostra a vida do jovem baterista Andrew (Miles Teller), que acabou de entrar na escola de música mais conceituada dos Estados Unidos. Seu virtuosismo no instrumento logo chama a atenção de Terence Fletcher (J. K. Simmons), um renomado mestre do jazz que comanda a orquestra do local e o chama para fazer parte desta. O problema é que Fletcher é extremamente impiedoso com seus alunos, chegando ao extremo de humilhá-los em busca da perfeição. Sob um ritmo frenético, acompanhamos a tentativa de Andrew de atingir o seu melhor custe o que custar, numa ambição cega que lhe faz ultrapassar todos os limites da racionalidade. O filme conquistou três Óscars, incluindo o de melhor ator coadjuvante para J. K. Simmons.

3º O Sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (Alemanha/Brasil)

Nos últimos 40 anos, o fotógrafo mineiro Sebastião Salgado viajou pelos cinco continentes do mundo onde registrou com sua câmera alguns dos principais eventos da nossa história recente. Guerras, secas, fome, campos de refugiados; tudo isso fazia parte do cotidiano de Salgado, que registrou as mais belas e cruéis imagens da humanidade neste último século. O documentário, dirigido por seu filho Juliano Ribeiro Salgado em parceria com o alemão Wim Wenders, faz um apanhado de sua obra, mas mais do que isso, traz uma verdadeira reflexão a respeito do comportamento humano e suas atitudes destrutivas para com os outros e para com a natureza. Finalista ao Óscar de melhor documentário, o filme tem imagens realmente poderosas, que doem na alma, e que nos fazem enxergar uma realidade triste que muitas vezes ignoramos.
2º 14 Estações de Maria, de Dietrich Bruggemann (Alemanha)
Vencedor do Urso de Prata de melhor roteiro e de melhor filme do júri no último Festival de Berlim, o alemão 14 Estações de Maria (Kreuzweg) traz uma das críticas mais contundentes que eu já vi no cinema a respeito do fanatismo religioso. O filme começa mostrando uma verdadeira "lavagem cerebral" que as crianças e os adolescentes recebem de um padre numa igreja extremamente ortodoxa do interior da Alemanha. Entre esses jovens está Maria (Lea Van Acken), uma menina tímida que desde cedo recebeu uma educação rigorosamente religiosa em casa. Vivendo em um mundo de regras onde tudo é pecado (inclusive ter amigas ou participar de brincadeiras na escola), ela se vê cada vez mais distante do mundo real, e o filme mostra muito bem os efeitos que esse "enclausuramento" causa em Maria, que só queria ter um pouco de liberdade e ser como todas as outras meninas de sua idade.

1º Expresso do Amanhã, de Joon-Ho Bong (Coréia do Sul/Estados Unidos)
Dirigido pelo sul-coreano Joon-ho Bong (Memórias de um Assassino / Mother - A Busca Pela Verdade) e produzido pelo seu conterrâneo Park Chan-wook (Oldboy), Expresso do Amanhã (Snowpiecer) é um dos melhores filmes distópicos e pós-apocalípticos que eu já tive a oportunidade de assistir. Em julho de 2014, uma tentativa de frear o aquecimento global dá errado e deixa a terra congelada, matando bilhões de pessoas. Os únicos sobreviventes estão dentro de uma arca indestrutível em forma de trem, construção megalomaníaca de um empresário multimilionário que atravessa todos os continentes rodando mais de 400 mil quilômetros por ano. Dada a natureza humana como ela é, logo os habitantes da arca são divididos em classes, onde surge um comando autoritário que controla todos os atos alheios. O filme traz uma excelente crítica social, analisando através de metáforas o comportamento humano. Das atuações à fotografia, tudo no filme encanta, e por isso mesmo ele merece estar no topo da lista.

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