quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Crítica: Adam (2020)


Representante do Marrocos no último Oscar de melhor filme em língua estrangeira, Adam é um filme potente e sensível sobre relações humanas e mulheres fortes em meio a uma cultura machista e que parece ter parado no tempo.

 

Na trama, Samia (Nisrin Erradi) está grávida, sem teto, e procurando desesperadamente por um emprego que possa também servir como um abrigo. Batendo de porta em porta, ela se oferece para trabalhar como empregada, mas só recebe não atrás de não. Após muita insistência, ela é acolhida por Abla (Lubna Azabal), que tem uma filha e comanda sozinha uma padaria em Casablanca.


Abla é uma mulher rígida, fechada e de poucas palavras, que carrega consigo um semblante de tristeza desde a morte do marido alguns anos atrás. Aos poucos, no entanto, com seu jeito jovial e conversador, Samia vai conseguindo fazer com que ela passe a se abrir mais, e consequentemente vamos descobrindo coisas de seu passado e sentimentos que permeiam sua cabeça e que a impedem de tentar ser feliz novamente.



A diretora estreante Maryam Touzani desenvolve aqui uma trama muito humana e delicada. Ao mesmo tempo que Samia ajuda Abla a se abrir novamente para a vida, Abla a ajuda a entender melhor o papel de uma mãe, principalmente uma mãe solteira, em uma sociedade que ainda não enxerga isso com bons olhos. Com personagens tão complexas e cheias de camadas, o filme não poderia deixar de apresentar boas atuações, sobretudo de Lubna Azabal, que já havia me conquistado em Incêndios (2010). Impossível não se emocionar com a jornada dessas duas mulheres que lutam, nas coisas mais simples, por uma vida digna.


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