quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Crítica: Não Há Mal Algum (2019)


Vencedor do Festival de Berlim de 2020, Não Há Mal Algum (There is no Evil), do diretor Mohammad Rasoulof, é mais um exemplar do ótimo cinema iraniano que vem sendo um dos mais expressivos deste século 21.



O enredo conta quatro histórias de personagens distintos, que tem por trás uma ligação: todos são responsáveis, de alguma maneira, pela execução das penas de morte no país. Já foram feitos vários filmes sobre o tema da pena de morte, mas eu verdadeiramente não lembro de algum que tenha abordado a vida e os sentimentos de quem precisa fazer o trabalho sujo de apertar o botão. E é interessante analisar como cada um deles reage a essa tarefa, que na maioria das vezes é imposta sem que eles possam dizer não. O peso que carregam de ter que tirar uma vida não é algo fácil de carregar, e nem todos lidam bem com isso.

O filme faz uma dura crítica ao sistema de execução do Irã, e traz à tona discussões necessárias sobre o assunto. Por exemplo, o que difere o acusado de assassinato que está sendo executado do seu executor, se não uma lei arbitrária escrita por homens? Sem contar que, muitas vezes, são inocentes e presos políticos que estão na fila da execução, sem terem passado por um julgamento justo e imparcial.



Não Há Mal Algum é, no final das contas, um filme extremamente corajoso, tanto pelo que se propõe a debater quanto pela dificuldade encontrada para ser realizado, já que o diretor estava proibido de filmar no país e precisou fazer tudo às escondidas.


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