sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Crítica: Noite Passada em Soho (2021)


O cineasta Edgar Wright é conhecido por ser bastante dinâmico na hora de contar suas histórias, que são sempre cheias de referências. Depois dos sucessos de Scott Pilgrim contra o Mundo e mais recentemente Em Ritmo de Fuga, o cineasta de apenas 47 anos adentra pela primeira em um gênero que ainda não havia abordado: o terror. E o resultado é surpreendente.


Noite Passada em Soho acompanha Eloise (Thomasin McKenzie), uma jovem que deixa a casa da avó no interior para estudar Moda em uma universidade de Londres. Quando aluga um quarto em uma casa velha da capital inglesa, Eloise passa a ter visões durante seus sonhos, onde ela volta à Londres dos anos 1960 e acompanha de perto a vida de Sandie (Anya Taylor-Joy), uma jovem aspirante a cantora que tenta a vida pelos bares noturnos da cidade.
 

O começo do filme é realmente brilhante. Temos uma premissa muito boa e um ritmo intenso dos acontecimentos, além de um bom desenvolvimento da personagem, que chega deslumbrada pela cidade grande mas logo vai percebendo que as coisas não são tão simples como ela imaginava, principalmente quando se fala em criar relações de afeto e confiança com outras pessoas. Logo, Eloise percebe que não está tendo apenas sonhos com Sandie, mas que está tendo visões de coisas que aconteceram de verdade há décadas atrás. A menina fica intrigada para descobrir o que aconteceu com a jovem cantora e isso vai colocando ela cada vez mais dentro de uma realidade tóxica e violenta que tomou conta da vida de Sandie e acabou com sua carreira.

 

Nas entrelinhas, percebe-se que é um filme sobre as dificuldades que as mulheres enfrentavam e ainda enfrentam no dia a dia, como assédios, abusos, e a violência de uma maneira geral. O terror, neste caso, acaba sendo justamente as ações humanas diante da fragilidade destas personagens, e é interessante também analisar que esses abusos às vezes vem até mesmo de outras mulheres, que deveriam na verdade se ajudar e se proteger. 

Duas coisas me encantaram muito no decorrer do filme. A primeira é a trilha sonora, que faz parte da trama de uma forma muito única e combina perfeitamente com cada cena que está sendo mostrada.  A segunda é a ambientação da Londres dos anos 1960, que ficou impecável e nos transporta diretamente para a época. É tudo deslumbrante, tudo muito grandioso, e algumas cenas me deixaram realmente de queixo caído. Destaco ainda a atuação da Thomasin McKenzie, que está impressionante e belíssima, e da Anya Taylor-Joy, que protagoniza uma das melhores cenas do longa quando canta uma música no palco. Infelizmente senti que o diretor perdeu um pouco a mão no final, que para mim foi contraditório com o ponto que ele estava tentando levantar durante todo o roteiro. Mas ainda assim, gostei muito da experiência, e acho que tem tudo para virar um jovem clássico com o passar do tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário