sábado, 1 de junho de 2013

Crítica: Faroeste Caboclo (2013)


Depois de Somos Tão Jovens, é a vez de Faroeste Caboclo levar aos cinemas os fãs da banda Legião Urbana, isso tudo em menos de um mês. Mas diferentemente do primeiro, que surpreendeu ao mostrar com qualidade a adolescência do líder Renato Russo, Faroeste Caboclo decepcionou grande parte do público (e eu me incluo dentro), ao desconstruir de forma sem vergonha a história de uma das músicas mais icônicas do grupo brasiliense.



Quem nunca ouviu Faroeste Caboclo pensando que a história contida nela poderia dar um belo filme? Talvez a grande maioria que esteja lendo isso, assim como eu, tenha tido esse pensamento pelo menos uma vez. E é daí que vem a principal decepção: o fato da história contada no filme fugir bastante da contada na música.

Até hoje, há quem ainda não tenha conseguido decorar a letra da música de nove minutos. Mas a ideia central é simples de identificar. João, um menino que cresce no meio da pobreza semi-árida, resolve ir para Brasília tentar a vida ao lado de Pablo, um primo distante. Ao chegar na capital federal, Santo Cristo se mete com o tráfico de drogas e chega ao extremo de ser preso. Nesse ínterim, acaba conhecendo Maria Lúcia, com quem vive um romance, até tudo terminar em tragédia numa "guerra" contra o traficante Jeremias.




Tudo bem que não era para ser uma adaptação fiel da música, mas a lista de trechos imprescindíveis que foram deixadas de lado é vasta. Era de se esperar que o roteiro incluísse coisas novas para preencher a estória, mas não que fugisse totalmente da ideia principal. Em grande parte as cenas são exageradas, principalmente as cenas de amor entre João e Maria Lúcia, ou as que mostram o descabido uso de drogas.


Além de tudo isso, duas perguntas ficaram no ar: onde está a parte social e política da música? E onde está o menino que queria ir "falar com o presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer"? Vemos um João descaracterizado, em uma atuação firme mas ineficaz de Fabrício Boliveira.



Antes que digam que só há críticas ruins, vou logo dizendo que uma das coisas mais bacanas durante a exibição é que a cada cena em que aparece um trecho conhecido da música, ela automaticamente começa a tocar na cabeça. Outro ponto positivo é a fotografia, que é uma das mais belas que já vi no cinema nacional. São coisas que não ajudam no resultado final, mas que merecem ser mencionadas.


Chegando então ao final, onde estavam as "câmeras da tv que filmavam tudo ali" ou "e se lembrou de quando era uma criança, e de tudo que vivera até ali"? O final, que de repente poderia salvar todos os erros anteriores, é sem emoção, e faz com que o filme termine de forma extremamente fria e seca.




O diretor até consegue, através das imagens, nos remeter um pouco aos faroestes clássicos, ou mesmo ao recente Django Livre de Quentin Tarantino, escancarada influência na obra. Mas o filme, de fato, não colou. Como um fã da banda, e da música em particular, não há como não sair decepcionado da sala de cinema. A música merecia mais. Muito mais.



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