domingo, 16 de junho de 2013

Recomendação de Filme #21

Um Estranho no Ninho - Milos Forman (1975)



Nada se compara a sensação de liberdade. Podemos até estar presos fisicamente, mas ainda sim continuaremos livres para pensar e correr atrás daquilo que queremos. A questão é: temos coragem de lutar para conquistar essa tão almejada liberdade? A prisão de um grupo de pessoas dentro de uma instituição para doentes mentais e o caos que um estranho provoca naquelas vidas ao passar a conviver com elas, é o fio condutor desse belíssimo drama dirigido pelo diretor Milos Forman.


Randall McMurphy (Jack Nicholson) é um bandido que, condenado, finge ter problemas mentais para ser internado em uma instituição psiquiátrica ao invés de ir para a prisão. Ao chegar no local, depara-se com a exigente enfermeira Mildred Ratched (Louise Fletcher), com quem começa a travar uma luta diária para conseguir um pouco mais de conforto para si e seus novos amigos do local.

McMurphy é o estranho que, ao adentrar no “ninho”, não só conhece como tudo funciona na instituição, como também a mente de todos. Com o tempo, ele começa a alterar a rotina dos pacientes, entrando em conflito com as rígidas normas estabelecidas pela instituição e seguidas à risca pela enfermeira. Ao "despertar" os pacientes e provocar a revolta deles contra estas regras, a situação foge do controle e acaba levando McMurphy a um final trágico.



O cotidiano de uma instituição responsável pela reabilitação de pessoas com problemas mentais não deve ser nada fácil. Afinal de contas, conviver diariamente com pessoas das quais não sabemos que comportamento esperar é algo um tanto complicado e perigoso. Por outro lado, deve ser gratificante para qualquer profissional da área quando alguém deste grupo apresenta alguma evolução, o que serve de motivação para enfrentar este clima pesado diariamente.

Forman acerta em cheio na utilização de muitos closes, que realçam as expressões marcantes dessas pessoas perturbadas psicologicamente. O diretor explora com admirável competência as maravilhosas atuações de um elenco incrivelmente talentoso. Com um excelente roteiro nas mãos, Forman permitiu ao atores mostrar todo o seu brilhantismo, a começar pela atuação antológica de Jack Nicholson. Solto, alegre, e perfeccionista, Jack trabalha em cada pequeno detalhe da composição do personagem. Seu trabalho é perfeito. O filme é dele.


Extremamente emocionante, o filme conta com algumas cenas belíssimas e tocantes. Apesar de contar com boas intenções, talvez o que os médicos não tenham percebido é que, mais do que regras e controle, aquelas pessoas precisavam mesmo é de carinho. O que faltava naquele ambiente era mesmo um pouco de alegria, e foi o que McMurphy trouxe consigo.

O filme não deixa de ser uma crítica ferrenha ao cruel sistema destas casas de recuperação, e isso fica evidente na cena em que um dos enfermeiros diz pra McMurphy que na cadeia ele sairia em breve, mas que ali ele só sai quando eles quiserem. Por outro lado, alguns dos pacientes poderiam deixar o local, mas não o fazem, o que reforça a tese da prisão psicológica.

Se por um lado não podemos condenar os métodos adotados pela instituição para controlar o grupo, por outro não podemos negar que é bom ver alguém que simplesmente não aceita esta imposição tendo coragem de levantar uma bandeira e lutar por algo melhor. A lição maior do filme, ao meu ver, é que devemos sempre ficar atentos aos nossos direitos e lutar por eles, independente do lugar em que estamos. Um filme obrigatório na vida de qualquer amante da sétima arte.

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