sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crítica: Somos Tão Jovens (2013)


Poucos movimentos musicais tiveram a importância social e cultural que o rock teve no país, principalmente em Brasília, entre o final dos anos 70 e começo dos 80. Mais do que a tropicália, mais do que a jovem guarda, o movimento nesse período derrubou barreiras, fez a cabeça de uma geração reprimida pela ditadura, e encontrou brechas no meio de toda repressão para mostrar a revolta da juventude diante daquela situação. Nesse ínterim, surgiu Renato Manfredini Júnior, ou Renato Russo para os seus milhões de "íntimos" espalhados por todo Brasil.




Somos Tão Jovens, filme do diretor Antônio Carlos da Fontoura, mostra o caminho percorrido por Renato até o estrondoso sucesso com a Legião Urbana, desde a descoberta de uma doença óssea gravíssima na adolescência que o deixou de cama por meses, e onde ele teve tempo de sobra para estudar mais a fundo a música, até os milhões de discos vendidos posteriormente.


O início do filme talvez seja o único ponto negativo de toda a trama. Muitas informações desconexas são jogadas na cara do espectador, além de cenas risíveis de tão mal feitas (como a cena em que Renato cai de bicicleta, logo no primeiro minuto). Quando comecei a pensar que o filme seria um tempo perdido, foi aí que ele de fato me surpreendeu e finalmente começou a ganhar forma.




Dois pontos positivos eu já enxerguei de cara. Primeiramente, a atuação nada menos que IMPECÁVEL de Thiago Mendonça, que conseguiu captar todos os trejeitos mínimos de Renato, numa personificação viva e extremamente verdadeira. Em segundo lugar, a inserção de trechos de músicas de Renato no meio dos diálogos, sem jamais perder o sentido ou parecer forçado. Foi uma grande ideia do diretor e dos roteiristas, fazendo como se fosse um "jogo de adivinhações" com os fãs na platéia.

O filme foca bastante na amizade de Renato com Aninha, para quem ele escreveu, por exemplo, a música Ainda é Cedo. Não só a origem dessa música é mostrada, mas como muitas outras da futura Legião Urbana, como Eduardo e Mônica (baseada no namoro do amigo Dinho Ouro Preto) ou Geração Coca-Cola (crítica de Renato aos "burgueses bebedores de Coca-Cola" que não se rebelam contra o governo por acharem que tudo está bom".




Em momento algum o filme tenta passar a imagem de um Renato "santinho", endeusando o cantor para agarrar os fãs mais fanáticos. Renato tinha sim os seus defeitos, e o maior deles era o egocentrismo e a dificuldade em lidar com pessoas. E isso torna o personagem mais real, mais sincero.

O final nos dá aquela ideia de "ah, o resto da história vocês já conhecem", mostrando Renato e sua nova banda, a Legião Urbana, indo para o Rio de Janeiro tocar no Circo Voador, em um show que marcaria o início de todo sucesso com a gravação do primeiro disco. Por fim, para fãs, admiradores, ou apenas espectadores casuais, o filme é uma grande pedida. Viva Renato Russo. Viva o Rock de Brasília.



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