sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Crítica: Fruitvale Station (2013)


Com uma direção competente do estreante Ryan Coogler, Fruitvale Station é um drama simples e tocante sobre a história real do assassinato covarde cometido por policiais na virada do ano de 2012 para 2013, numa estação de trem nas redondezas de São Francisco, Califórnia.


O filme já começa mostrando imagens reais do ocorrido, filmadas por câmeras de celulares das testemunhas que estavam no local. Logo, voltamos cronologicamente, e somos apresentados a Oscar Grant. Morando na periferia com sua namorada e uma filha pequena, o rapaz de 22 anos já fez muita "merda" na vida, como vender drogas e ir para a prisão, mas parece ter se acertado na vida.

Ele possui emprego num supermercado, vive pacatamente seus dias, e possui uma terna relação com a família, principalmente com a mãe (Octavia Spencer). Seu único deslize é ser demitido do trabalho após alguns atrasos, fato que ele não conta para Sophina (Melonie Diaz), sua namorada, pois acredita conseguir reaver sua posição no local.


Na véspera do ano novo, Oscar e Sophina resolvem ir com amigos até o centro de São Francisco para curtir os fogos no meio da multidão. Para não haver preocupações, eles optam por ir e voltar de trem, o que acaba sendo uma má escolha. Durante a viagem de volta, um ex-inimigo de Oscar na prisão o reconhece, e ao atacá-lo, acaba gerando uma confusão no vagão. Sabendo do ocorrido, a polícia pára o trem, e sem analisar o caso com frieza, pega Oscar e mais alguns amigos como suspeitos da "baderna".

Por fim, temos a fatídica cena da estação de trem. Oscar e seus amigos são encurralados feito bichos, e sem direito à defesa, são humilhados e barbaramente espancados, em frente a um público apavorado. Toda a ação se baseia nas imagens reais gravadas pelos passageiros, como a que é mostrada no início do longa.


O filme possui uma narrativa crua e seca, e mostra toda a dificuldade na vida de um jovem que teve poucas chances, e ainda assim, luta a cada dia para sobreviver e dar uma vida digna à família. O estilo narrativo e a forte crítica social, fazem lembrar muito de Preciosa, outro filme excelente sobre o tema.

Outra lembrança inevitável é a de Jean Charles, o imigrante brasileiro morto no metrô de Londres. O contexto é bastante diferente, mas a falta de preparo da polícia é a mesma. Seres que às vezes, por portar uma arma, se acham no direito de fazer o que bem entendem.


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