segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Crítica: A Menina que Roubava Livros (2014)


Adaptar um best-seller para o cinema não é tarefa fácil, e fica ainda pior quando ele é um dos livros mais queridos e vendidos da história. Sempre vai ter gente para dizer que o filme não fez jus ao livro e coisas do tipo, mas o fato é que na adaptação de A Menina que Roubava Livros (The Book Thief), o diretor Brian Percival conseguiu acertar em cheio.



Estamos na Alemanha nazista, e o ano é 1938. A guerra ainda não está no seu ápice, mas Hitler já manda e desmanda absurdos no país, e grande parcela da população segue à risca tudo o que ele grita nos microfones. Nesse clima, vive a jovem Liesel Meminger (Sophie Nélisse), filha de uma mulher que é perseguida depois de ser acusada como comunista. Liesel e seu irmão pequeno são obrigados a irem morar junto de um casal que aceitam cuidar de ambos durante o período, em um pequeno vilarejo alemão. No trajeto, porém, o menino acaba morrendo, deixando Liesel sozinha no mundo.

No enterro do garoto, o coveiro deixa cair um livro no meio da neve, que Liesel pega para si, guardando como uma última lembrança da família verdadeira. Chegando na casa dos Hubermann, ela é recebida pelo carinhoso Hans (Geoffrey Rush) e pela amargurada Rosa (Emily Watson).



Criando uma forte amizade com o vizinho Rudy (Nico Liersch), Liesel começa a frequentar a escola e a brincar na rua com as crianças da região, sempre alegre mas nunca esquecendo seu triste passado. Seu melhor amigo no entanto acaba sendo seu novo pai. A amizade que se cria entre Liesel e Hans é tocante. É ele quem lhe ensina a ler e escrever, entre outras coisas da vida, numa relação realmente fraternal.

Quando começa a perseguição nazista com os judeus, aparece na casa dos Hubermann um rapaz chamado Max, filho de um homem que salvou Hans na Primeira Guerra. Por conta dessa dívida, Hans se prontifica a abrigá-lo até que a situação se acalme, o que infelizmente não acontece. Após o cerco alemão se fechar, quando os soldados começam a verificar cada porão de cada casa, Max se vê obrigado a ir embora para não pôr o casal ainda mais em risco.



Liesel viu em Max o irmão mais velho que ela não teve. As conversas que eles tem sobre a vida são de uma maturidade impressionante. Quando Max ficou doente e quase chegou ao óbito, Liesel sentava-se ao seu lado todo dia para ler os livros que roubava da casa do prefeito, onde ia levar as roupas que a sua mãe passava. A perda desse contato acaba afetando bastante a menina, que mal sabe que o pior ainda está por vir.

O final, apesar de triste, ainda reserva um espaço para o otimismo. O enredo é bastante fiel ao livro, e disso os queixosos não podem falar. O ponto forte é certamente a ambientação da época, tanto dos cenários como dos figurinos. As atuações são boas, mas nada excepcionais. Quem se destaca é a menina Sophie Nélisse, que leva bem a personagem principal, com seus medos, suas angústias, e sua vontade de viver.



Outro ponto positivo é a trilha sonora, tanto que sua indicação o óscar vem justamente nessa categoria. A única coisa em que o filme peca é no ritmo, lento e sempre retilíneo. Talvez a estória seja realmente mais bonita contada dessa forma, mas faltou algo diferenciado, algo que desse um ânimo a mais em quem assistia durante as duas horas. No entanto, isso não estraga o resultado final visto na tela.

Por fim, fica claro que Percival fez um ótimo trabalho. Como adaptação, o efeito foi perfeito. Narrado pela morte, assim como no livro, A Menina que Roubava Livros é um filme bem bacana de assistir, e já entrou pro hall dos mais bacanas sobre o período.


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