quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Crítica: Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013)


Mary Poppins, lançado em 1964, é até hoje um dos filmes mais cultuados da história do cinema, estando na sexta posição da lista de Melhores de Todos os Tempos feita pela American Film Institute. Indicado ao Óscar em 14 categorias, e vencedor em 5 delas, o filme foi a maior bilheteria daquele ano, batendo inclusive outro clássico, A Noviça Rebelde, numa época de ouro para os musicais de Hollywood.


Apesar do estrondoso sucesso, poucos sabem a dificuldade que foi para conseguir realizar tamanha obra. Durante 20 anos, Walt Disney teve que travar uma luta para convencer a escritora do livro, P. L. Travers, a vender os seus direitos. Teimosa e mau humorada, Travers se negava a aceitar que sua história fosse lançadas para as telas, principalmente por medo de que a Disney o transformasse em um filme de animação, ideia que ela detestava. Walt sempre desejou filmar a estória de Mary Poppins, desde que uma de suas filhas pequenas lhe mostrou o livro. Isso talvez explique a paciência e a força de vontade que ele teve ao esperar esse tempo todo, sendo mais teimoso do que a própria Travers.

Finalmente, após todos esses anos, Traves resolve ir à Los Angeles para acompanhar e ajudar na criação do roteiro. Se ela gostasse do que visse, ela assinaria, se não, voltaria para casa e nunca mais discutiria o caso. Logo ao chegar, ela é recebida com pompas, sendo paparicada por todos do estúdio, inclusive pelo próprio diretor.


Assim que começam a conversar sobre o roteiro, ela já faz sua primeira ressalva: não quer que o filme se torne um musical. Isso obviamente causa atrito, porque a ideia inicial era justamente essa. Walt consegue então convencê-la de que se trata de um musical com atores, sem nenhuma espécie de animação, e ela enfim aceita, dando início ao processo de criação.

Ao mesmo tempo em que acompanhamos as negociações entre Travers e Disney, o longa nos mostra paralelamente a história de infância da escritora. Muito apegada ao pai, ela o perdeu cedo, e guardou durante anos suas palavras de otimismo, sempre incitando-a a seguir seus sonhos. Essa parte do filme é bonita, mas não precisava ter tomado tanto tempo. 


O longa deu muita prioridade para os flashbacks, deixando de lado as filmagens do clássico, que ao meu ver seria algo bem mais interessante. Senti que a narrativa se perdeu ao mesclar as duas épocas distintas, e isso me deixou um pouco chateado com o resultado final. Fica evidente que o estúdio (Disney / Buena Vista) quis fazer uma homenagem à ela, mas ficou exagerado.

As atuações, porém, são elogiáveis. Emma Thompson realmente rouba a cena como a escritora carrancuda e enigmática. Tom Hanks também está muito bem no papel do empresário, mas acabou ficando quase como coadjuvante na história, aparecendo menos até do que Colin Farrell, que faz o pai de Travers.


Por fim, Walt nos Bastidores de Mary Poppins (que nome horrível no Brasil!) é um filme regular, mas não deixa de ter suas qualidades. O figurino da época é muito bem construído, assim como a trilha sonora. As cenas musicais também remetem ao clássico, e são uma justa homenagem. Porém, se concorrer ao Óscar será muito.


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