sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Crítica: Adoráveis Mulheres (2020)


Segundo filme dirigido pela promissora Greta Gerwig (que estreou em 2017 com Lady Bird), Adoráveis Mulheres (Little Women) é a oitava adaptação para os cinemas do clássico livro "Mulherzinhas", de Louisa May Alcott, que acompanha o dia dia de quatro irmãs destemidas e cheias de sonhos numa época em que mulheres não tinham voz.


Jo (Saoirse Ronan), Amy (Florence Pugh), Meg (Emma Watson) e Beth (Eliza Scanlen) são quatro irmãs que vivem com a mãe no interior de Massachusetts enquanto o pai está servindo na Guerra Civil. Cada uma delas tem seus próprios sonhos, sua própria visão de mundo, e as diferenças entre elas é o que torna a experiência do filme tão rica. A maioria delas sonha em seguir uma carreira artística, mas nenhuma é levada verdadeiramente a sério, já que estamos falando de uma época em que as mulheres não tinham muito espaço para sonhar e casar com um homem rico era a única forma de ter uma vida boa.

O que mais me encantou durante todo o filme foram os seus diálogos. O texto é primoroso, e isso fica ainda mais evidente graças às belas atuações. Das jovens, o destaque é Saoirse Ronan, uma das melhores atrizes da atualidade, que entrega o melhor de si na pele de uma menina extremamente forte. Quem também está muito bem é Florence Pugh, no papel da irmã "rebelde", que assim como Ronan também deverá estar no Óscar deste ano. Emma Watson ganha menos espaço que as duas, talvez pelo seu potencial realmente ser menor, mas também entrega uma atuação firme, assim como Eliza Scanlen, que é a que menos aparece das quatro mas é responsável por uma das cenas mais emocionantes do longa.


Junto às personagens jovens temos duas veteranas que roubam a cena, mesmo com menos tempo em tela. Meryl Streep, como a tia rica e excêntrica, e Laura Dern, a mãe protetora que, mesmo cheia de problemas, sempre está pronta para dar toda a atenção que as filhas merecem. Curioso analisar que se trata de um filme extremamente feminino, onde os personagens masculinos, até mesmo Laurie (Timothéé Chalamet), que aparece por bastante tempo, são meros coadjuvantes. Até mesmo quando o pai delas (Bob Odenkirk) volta para casa depois de muito tempo, ele não assume seu papel como patriarca, pois ali já temos uma mulher forte que carrega muito bem esse papel.

Duas coisas pontuais me incomodaram no filme e eu preciso falar sobre elas. Primeiramente o começo dele, que achei um pouco apressado demais, com os personagens sendo apresentados de forma um tanto quanto superficial durante uma grande festa. E a outra foram os excessos de flashbacks, que em alguns momentos deixaram o filme arrastado. Entendo que foi uma maneira de Gerwig dar um ar autoral para a obra, fugindo daquela narrativa linear clássica das outras adaptações, mas com o tempo esse excesso se tornou cansativo.


Com um design de produção belíssimo e uma trilha sonora envolvente, Adoráveis Mulheres é um filme poderosíssimo na importante questão do feminismo. Ao mesmo tempo em que tem mulheres que sonham alto e não se deixam vencer pelas convenções sociais, também tem mulheres que sonham com o básico, ter um vida padrão, casar e ter filhos, e o mais legal nessa abordagem é justamente mostrar que a ideia do feminismo é exatamente essa, a de ter liberdade de ser aquilo que você quiser ser, sem julgamento de certo ou errado.

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