segunda-feira, 8 de junho de 2020

Crítica: Truth and Justice (2020)


Em sua estreia como diretor de longa metragens, Tanel Toom, de apenas 37 anos, não se intimidou na hora de escolher trazer às telas o primeiro dos cinco volumes do romance Truth and Justice (Tõde Ja Õguis), escrito entre as décadas de 1920 e 1930 por Anton Hansen Tammsaare e considerado um dos mais importantes da história literária da Estônia. A empreitada corajosa de Toom deu muito certo, não somente na questão técnica mas também na questão de agradar o seu público, que lotou as salas de cinema do país e fez o filme bater recordes de bilheteria por lá.


O filme começa em 1872 e acompanha o jovem Andres (Priit Loog) e sua esposa Kroot (Maiken Schimidt), que chegam a uma fazenda no topo de uma colina. A fazenda acabou de ser comprada pelo casal, que tem muitos planos para o lugar onde pretendem viver, ter filhos e prosperar. No entanto, para que isso seja possível, há ainda muito o que fazer devido à precariedade do lugar e de seus defeitos naturais. Antes deles, dois outros proprietários já haviam tentado viver no lugar mas o abandonaram, e o motivo não teria sido apenas os problemas estruturais, mas também o vizinho do lado, Pearu (Priit Voigemast), cuja convivência não é nada fácil.

Após uma discussão sobre a construção de um canal para drenar as águas entre as duas propriedades, Andres e Pearu iniciam uma guerra entre eles que perdura por décadas, com inúmeras discussões e múltiplas idas ao tribunal local. Apesar de ser um homem de temperamento difícil e de atitudes por vezes detestáveis, não dá para considerar Pearu como um vilão propriamente dito, já que suas ações são movidas por sentimentos bastante humanos, como a inveja pela vida "feliz" do vizinho. Lutando contra as artimanhas de Pearu, Andres acaba desleixando um pouco sua própria vida pessoal e sua família, além de se ver obrigado a ter atitudes que contrariam sua visão cristã de mundo.


Tecnicamente, é um filme muito bonito, fruto de um grande trabalho unido de fotografia, figurino e maquiagem. As atuações também são muito competentes, assim como a trilha sonora que dá um toque especial em algumas cenas. Representante da Estônia no último Óscar, Truth and Justice é um filme que não cansa, mesmo com suas quase 3 horas de duração, e serve para nos mostrar um pouco mais da história desse país e do seu povo.

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