sábado, 18 de dezembro de 2021

Crítica: A Mão de Deus (2021)


Uma alegoria autobiográfica de Paolo Sorrentino. Assim eu definiria A Mão de Deus, que estreou no Brasil esta semana através do catálogo da Netflix. Sorrentino é um diretor ousado, despudorado e politicamente incorreto, e vemos todos esses elementos novamente aqui, em uma história de amor à Nápoles, ao cinema italiano e a… Diego Armando Maradona.


O filme começa acompanhando Fabietto (Fillipo Scotti), um jovem que vive com a família na cidade italiana de Nápoles em meados dos anos 1980. Aliás, a família do garoto é a típica família napolitana, barulhenta e com muitos membros, e o roteiro não se acanha em apresentar personagens bem caricatos para demonstrar isso.

Apaixonados por futebol, os homens vivem na expectativa de ver o astro argentino Diego Maradona acertar com o Napoli, o time da cidade, coisa que na época era visto apenas como boato por ser algo impensável. Nesse clima de expectativa, Fabietto também precisa conviver com a puberdade, com descobertas da idade, e principalmente com perdas duríssimas, que de alguma forma servem para moldar sua visão do futuro e seu amor pela arte. O diretor já disse em entrevista que o filme trata de um momento real e traumático na sua vida, e por isso mesmo possui um tom bastante intimista.


Apesar de se tratar de um drama, o enredo tem diálogos engraçadíssimos, além de apresentar cenas muito bonitas esteticamente. O filme também traz toques de realismo mágico, o que deixa ainda mais clara a referência que Sorrentino tem de Fellini. O clássico diretor italiano inclusive é citado muitas vezes no longa, principalmente quando o irmão de Fabietto, que sonha ser ator, participa de uma audição para um filme do mesmo. Depois de A Grande Beleza e Il Divo, Sorrentino faz mais uma parceria com Toni Servillo, que interpreta o pai de Fabiotte, e que novamente está encantador. O roteiro deixa alguns pontos em aberto, sobretudo seu final, e também possui algumas incongruências cronológicas, mas nada que chegue a atrapalhar o conjunto da obra. É mais um belo filme, de um dos grandes diretores italianos da atualidade.

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