quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Crítica: Nove Dias (2021)


Nascido em Mogi das Cruzes, o diretor Edson Oda não poderia ter tido uma estreia melhor nos cinemas. Nove Dias (Nine Days) estreou oficialmente em Sundance, e como se não bastasse, saiu de lá com o prêmio de melhor roteiro. Com uma aura existencialista, o filme traz uma reflexão sobre o que é a vida humana, desde nossos sentimentos até a essência que faz cada um de nós sermos únicos.


Will (Winston Duke) mora em um deserto no meio do nada e acompanha a vida de algumas pessoas na Terra através de televisores, como se ele fosse literalmente os olhos delas. O filme não deixa claro para quem Will trabalha ou como ele foi parar ali naquele local (que é quase como se fosse em um plano espiritual), mas ele tem uma grande responsabilidade: escolher a próxima pessoa para nascer no nosso planeta, no lugar de uma outra que ele acompanhava e que faleceu.

Incumbido desta missão, ele recebe em sua casa um grupo de "almas", que juntos passam por uma espécie de teste que dura nove dias. Nesses dias, Will vai analisar a essência de cada um, e procurar descobrir quem está mais preparado para a vida na Terra. Nesse período, os "candidatos" passam por muitas perguntas, onde são obrigados a vivenciar situações humanas e entender melhor como funcionamos, desde o nosso lado bom até o nosso pior lado. Por já ter vivido na Terra, Will sabe que a vida não é fácil, e por isso procura alguém que demonstre ser forte. O filme não mostra flashbacks, mas através de alguma diálogos temos uma vaga ideia do que Will fazia quando vivia aqui, e de como ele era um homem introspectivo e sensível. E talvez por isso mesmo a morte de uma das suas antigas escolhidas (a que abriu a vaga para os testes), e que possuía características parecidas com as suas, seja para ele tão dolorida.


Com cenas poéticas e boas atuações do elenco (destaques para Zazie Beets e Bill Skarsgard, além do próprio Winston Duke), o filme também nos faz questionar sobre o valor que damos para os momentos que vivemos, e eu gostei muito que o diretor não usou nenhum argumento religioso, o que poderia ter estragado a experiência. No final, fica o questionamento: a vida na Terra é mesmo uma dádiva, ou do jeito que as coisas estão seria um castigo?

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