segunda-feira, 5 de maio de 2014

Crítica: Omar (2014)


Ovacionado no Festival de Cannes, vencedor do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e finalista do Óscar de 2014 na mesma categoria (o primeiro filme palestino a conseguir tal façanha), o novo filme do diretor Hany Abu Assad (de Paradise Now) já fez história, mostrando com muita sensibilidade toda a tensão que existe na fronteira entre Israel e Palestina.


O filme tem sua história centralizada em Omar (Adam Bakri), um padeiro palestino que mora em Israel e se arrisca a atravessar o muro que separa os dois países para se encontrar com dois amigos de infância, Tarek (Eyad Hourani) e Amjad (Samer Bisharat), além de sua namorada Nadia (Leem Lubany), irmã de um deles.

Tarek comanda um grupo de resistência contra a ocupação, e juntos os três planejam um ataque a um quartel do serviço secreto israelense. Na ação, eles acabam atirando em um soldado, e após investigação da polícia, Omar acaba sendo preso e torturado na prisão para que entregue seus companheiros.


A vida do jovem muda completamente após a passagem pela prisão. Obrigado pelo agente Rami (Waleed Zuaiter) a trabalhar como agente duplo, ele se vê numa encruzilhada. Omar é ofertado com a liberdade de todas as acusações, mas em troca deve entregar Tarek para os agentes. É claro que a sua índole impede que ele traia o amigo, e por conta disso acaba tendo sua vida e sua liberdade ameaçadas a todo momento a partir de então. Além disso, por ter sido liberado da prisão, os vizinhos e amigos começam a achar que ele os traiu de fato, criando uma situação bastante desesperadora para ele.

O enredo é simples mas ao mesmo tempo complexo, e acerta em cheio ao focar na história do jovem sonhador que acaba levando um baque da vida. A cena de tortura na prisão é realmente dura de acompanhar, tamanho o realismo. As atuações são realmente impressionantes, sendo todos os personagens muito bem trabalhados, e algumas referências "americanas" na história caíram como um brinde aos espectadores, como a imitação que Amjad faz de Don Vito Corleone no começo do filme.


Cheio de perseguições e muita ação, algo poucas vezes visto nos filmes de lá, o filme prende a atenção do público do início ao fim, com muitas reviravoltas e cenas memoráveis. O silêncio durante os letreiros finais serve para digerirmos melhor o que acabamos de ver, e como o público do festival de Cannes, aplaudir de pé. 

Omar é de fato um filme marcante, e por isso mesmo merece todos os elogios que recebeu da crítica no último ano. O cinema da região voltou a chamar a atenção e, principalmente, voltou a unir os dois países em um mesmo projeto, o que já é por si uma grande vitória da sétima arte.


Um comentário:

  1. Acabei de assistir no Maxprime. Fantástico! Narrativa que prende a atenção do início ao fim. Aborda com maestria diversos temas, como política, amor e traição, sem cair no óbvio. Na verdade, os minutos finais surpreendem bastante. E tem como não se apaixonar bela beleza máscula do ator palestino Adam Bakri, protagonista do filme?! Assistam!

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