quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Crítica: Hive (2021)


Candidato do Kosovo ao Oscar de melhor filme internacional, Colméia (Hive), da diretora Blerta Basholi, se baseia em uma história real para mostrar que as cicatrizes deixadas pela guerra da independência seguiram vivas por muitos anos na população daquele país, sobretudo em quem teve seus parentes desaparecidos durante o conflito.


A trama acompanha Fahrije (Yilka Gashi), uma mulher que há anos busca pelo marido, que fazia parte do exército de libertação e nunca mais voltou para casa. Ela não tem mais esperanças de encontrá-lo vivo, mas ainda assim, quer ter pelo menos o direito de dar um fim digno ao seu corpo. Enquanto isso, Fahrije tenta ganhar a vida fabricando e vendendo Ajvar, uma espécie de molho típico da região feito com pimenta e que faz um enorme sucesso.

Além de criar sozinha o filho e ajudar a cuidar do sogro inválido, a mulher ainda precisa lutar contra o preconceito, já que essa sua independência não é bem vista aos olhos dos homens da cidade, que ainda possuem uma visão extremamente machista de que mulheres não deveriam ter seu próprio negócio e se sustentar sozinhas. Ela acaba, inclusive, sendo vítima de ataques verbais e físicos por conta disso, mas reage com determinação. Ao incentivar vizinhas e amigas a formarem um grupo de trabalho, ela mostra a elas (e ao resto do mundo) que todas as mulheres podem muito mais do que ser apenas donas de casa. Colméia é um filme poderoso sobre traumas, reconstrução, e principalmente empoderamento feminino, e não é à toa que ganhou os prêmios do júri e do público de melhor filme internacional de drama em Sundance.


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