sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Crítica: O Festival do Amor (2022)


Quase dois anos após o término das filmagens, finalmente chegou aos cinemas brasileiros o novo filme dirigido por Woody Allen, O Festival do Amor (Rifkin's Festival). A trama se passa em San Sebastian, durante o famoso festival de cinema que ocorre na cidade espanhola anualmente, e acompanha o casal Mort (Wallace Shawn) e Sue (Gina Gershon). Mort é um ex-professor de cinema, que agora está tentando aproveitar a aposentadoria para escrever seu primeiro romance. Sue, por sua vez, trabalha na empresa de publicidade que está fazendo a promoção de um dos filmes mais badalados do festival, dirigido pelo promissor Phillipe (Louis Garrel).


É notório, desde o início, que o relacionamento de Mort e Sue não anda bem, e durante a viagem eles acabam se distanciando ainda mais. Nesse período, Mort se apaixona pela médica que o atende quando sente dores no peito, enquanto Sue acaba se aproximando bastante do jovem Phillipe. O filme traz uma boa reflexão sobre relacionamentos que não fazem mais sentido mas que continuam apenas por comodismo, costume, ou medo de mudança de ambas as partes. A visão sobre a chegada da terceira idade, os questionamentos a respeito das realizações que teve e o que ainda resta viver pela frente também tem um espaço importante no roteiro.

Ao refletir sobre sua vida e seu passado, Mort começa a ter vários sonhos e alucinações que remetem a filmes clássicos do cinema dirigidos por Orson Welles, Fellini, Truffaut, Godard, Bergman, Bunuel, entre outros. Quem já viu todos os filmes citados, certamente vai ter uma experiência interessantíssima, e eu diria que é a melhor parte do longa. Ao mesmo tempo que homenageia o cinema, Woody Allen também aproveita para alfinetar a indústria cinematográfica atual, com suas hipocrisias. Um momento que considero crucial dessa crítica é quando o diretor Phillipe fala, pretensiosamente, que seu novo filme será tão poderoso que pode até levar ao fim o conflito de séculos que existe entre judeus e árabes em Israel.


Por fim, fiquei realmente surpreendido com O Festival do Amor, já que as últimas obras do Woody Allen me deixaram com a expectativa bem baixa. Aliás, já considero este seu melhor filme desde Blue Jasmine (2013). Uma história que vai agradar, sobretudo, quem verdadeiramente ama o cinema.

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