sábado, 22 de janeiro de 2022

Crítica: Mass (2021)


Marcando a estreia de Fran Kranz na direção de um longa-metragem, Mass é um filme poderoso e profundamente realista, que fala sobre situações trágicas que mudam para sempre a vida das pessoas, principalmente as que são indiretamente envolvidas. Com um forte apelo teatral, o roteiro do filme se passa quase inteiramente dentro de um único cenário, e acompanha dois casais que se encontram, nos fundos de uma igreja, para uma secreta reunião. Aliás, o começo do filme é conduzido de forma brilhante, e cria um clima de suspense muito interessante sobre o que será a pauta deste encontro, que parece estar sendo tratado com muito cuidado e em segredo.


Após os preparativos do local, Linda (Ann Dowd), Richard (Reed Birney), Gail (Martha Plimpton) e Jay (Jason Isaacs) se reúnem diante de uma mesa. Os cumprimentos cordiais logo dão lugar a uma discussão acalorada e intensa sobre uma tragédia que envolveu os filhos dos dois casais há alguns anos atrás. As feridas do acontecimento ainda estão abertas, e o encontro é, acima de tudo, uma tentativa de resolver pendências, sobretudo as emocionais.

Não entrarei em mais detalhes, pois acredito que a experiência de assistir o filme sem saber do que se trata deixa ele ainda melhor, mas gostei muito da forma como o diretor vai revelando a história de maneira lenta e gradual, construindo muito bem os personagens e suas trajetórias.  Como é de se esperar em um filme com essas características, a potência do filme está toda nos seus diálogos, e obviamente em suas atuações. Todos os quatro estão incríveis nos seus papéis, mas destaco principalmente a atriz Ann Dowd, que eu conhecia apenas da série The Handmaid's Tale e que para mim merece estar nas listas de indicações em todas as premiações deste ano.


A falta de trilha sonora evidencia o silêncio e o vazio das perdas de cada um dos envolvidos, e para mim fez toda a diferença para que eu pudesse me sentir ainda mais como um espectador presente naquela sala. Por fim, Mass é um filme simples em sua proposta, mas tão poderoso que fica na cabeça por muito tempo após seu final.

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