domingo, 25 de dezembro de 2022

Crítica: Avatar - O Caminho da Água (2022)


Muito mais do que um filme, Avatar: O Caminho da Água é uma verdadeira experiência sensorial única e incomparável até então. Ao sair da sala de cinema, falei a seguinte frase: "o 3D engatinhou para que chegássemos até aqui, e foi criado especialmente para que pudéssemos assistir a esse filme". Sim, eu estava completamente extasiado com o que vi, e se um filme é capaz de nos deixar assim após o seu final, é porque ele conseguiu cumprir o seu papel.


Mais de uma década após o primeiro Avatar, que naquela época já havia sido revolucionário em termos de visual e uso do 3D, James Cameron nos leva de volta à Pandora, o planeta onde vivem os Na'vi, seres humanóides que medem de 3 a 4 metros de altura e possuem a coloração azul. Jake Sully (Sam Worthington), o humano que acabou ajudando os Na'vi a combater o coronel Miles Quaritch (Stephen Lang) no primeiro filme, agora vive entre eles, e formou uma bela família junto de Neytiri (Zoë Saldana). O casal e seus três filhos vivem tranquilamente em conexão com a natureza exuberante de Pandora, até os humanos voltarem ao planeta para explorar as riquezas naturais com máquinas ainda mais mortais do que anos atrás.

Percebendo que existe um ação para vingar a morte do coronel, e que ele é o alvo principal, Jake decide ir com sua família para outro canto do planeta, chegando em uma tribo completamente diferente nos modos e até mesmo na aparência. É muito interessante o jeito como Cameron introduz esta nova tribo e seus costumes, e principalmente a forma como Jake, Neytiri e os filhos passam a aprendê-los para conviver entre eles. Como seres que viviam basicamente nas matas, eles agora precisam desenvolver aptidões específicas para a água, bem como lidar com uma nova fauna e flora.

Este período entre um filme e outro foi importantíssimo para que o diretor aprimorasse ainda mais as questões técnicas, sobretudo o uso do 3D embaixo d'água, e o resultado é realmente estupendo. As cenas subaquáticas são, de fato, as cenas mais bonitas que já vi no cinema. Não existe nada igual em termos de imersão e beleza, e Cameron sabe disso, por isso usa e abusa de cenas longas de silêncio e pura contemplação.


Em relação a roteiro e montagem, no entanto, é preciso dizer que o filme tem os seus deslizes e suas limitações. Não atrapalha a experiência final, mas tem. O roteiro acaba sendo bastante cíclico, e em uma cena específica uma das personagens até brinca com isso, quando fala "olha, aqui estou eu mais uma vez no mesmo lugar". O vilão também parece estar numa vingança quase cega, e com uma motivação meio torpe, e no final ainda tem um momento envolvendo ele e o "filho" que me deixou um tanto quanto revoltado. Outro ponto negativo, mas que considero algo totalmente pessoal, é o velho hábito que existe em filmes "blockbuster" norte-americanos de sempre colocar piadinhas na boca dos personagens enquanto eles estão lutando pela própria vida e vêem colegas sendo mortos. Para mim não faz o menor sentido, e é um dos motivos de eu detestar filmes de heróis, por exemplo.

Assim como no primeiro Avatar, é bem explícita a crítica feita a respeito da destruição gananciosa da natureza, e neste caso em específico sobre as pescas predatórias. Há inclusive um momento em que um dos personagens indaga sobre eles terem gasto horas de esforço para matar um animal, sendo que a única coisa que vão usar dele é um líquido que no final é coletado em menos de 1 minuto. Essa questão ambiental ganha ainda mais força quando paramos para analisar o modo como os Na'vi se conectam com a natureza e vêem os animais quase como membros de suas famílias.
 

Por fim, Avatar é, acima de tudo, uma realização pessoal de James Cameron, pois mesmo sendo responsável por clássicos como Titanic e Exterminador do Futuro, percebe-se que ele tem aqui o grande projeto da sua vida, e que o trata com o maior carinho e cuidado. E nós agradecemos por isso, porque o resultado na tela do cinema é fascinante.
 

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