segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Crítica: Bem-Vindos a Bordo (2022)


Seja aos vinte anos, seja aos trinta, o fato é que nós nunca estamos 100% certos sobre nossas escolhas e o nosso futuro. A vida vai passando e a gente vai tentando fazer o nosso melhor, ainda que tenhamos que trabalhar em empregos ruins ou manter relacionamentos superficiais para suprir a carência. E é um pouco sobre isso que fala Bem-vindos a Bordo (Rien à Foutre), dos diretores estreantes Emmanuel Marre e Julie Lecoustre.


O enredo acompanha Cassandre (Adèle Exarchopoulos), uma mulher na altura dos 26 anos que acaba de perder a mãe em um acidente de carro, e luta para seguir firme na carreira de aeromoça em uma companhia aérea espanhola. Apesar de viver viajando e conhecendo novos lugares, a vida de Cassandre acaba sendo bem monótona, sem contar que ela não consegue criar laços com ninguém, já que não tem tempo para isso e nem um lugar fixo. Seu único escape da realidade são as breves noitadas com colegas de trabalho e encontros rápidos com homens que conhece em aplicativos de relacionamento.

Além de mostrar a rotina cansativa das aeromoças, o filme também critica as exigências absurdas que algumas companhias aéreas possuem com suas funcionárias, principalmente em relação a aparência das mulheres. São regras bastante invasivas, como imposição de depilação em dia ou boa forma, além de terem que aprender a manter um sorriso forçado no rosto a todo instante para os passageiros. Isso fica ainda mais evidente quando Cassandre tenta uma vaga na Emirates, que a princípio é o sonho de todos os seus colegas, e precisa passar por um entrevista bem constrangedora.


O filme, no entanto, beira muitas vezes ao amadorismo, principalmente na parte técnica. Alguns movimentos de câmera são tenebrosos, e dá até mesmo a impressão de estarmos vendo uma gravação de celular. Inclusive, a cena final é uma das coisas mais sem sentido que assisti este ano no cinema, o que me deixou bem frustrado. Ainda assim, mesmo com estes defeitos, Bem-Vindos a Bordo ainda vale a pena pela boa atuação da Adèle Exarchopoulos e pelo bom desenvolvimento da sua personagem.


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