terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Crítica: Batem à Porta (2022)


Em geral, posso dizer que não sou fã da filmografia de M. Night Shyamalan, com exceção das obviedades O Sexto Sentido e Sinais, mas é curioso como ainda assim sempre paro para admirar suas obras, até porque por mais que eu não goste do resultado final, elas sempre acabam tendo algo interessante a dizer nas entrelinhas. Em Batem à Porta (Knock at the Cabin), no entanto, faltou até mesmo isso.


O filme inicia com uma doce menininha, Wen (Kristen Cui), que está caçando gafanhotos no quintal de uma cabana. Ela está ali passando férias junto com seus pais, Éric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge), mas a tranquilidade logo é cortada com a chegada de Leonard (Dave Bautista), que se aproxima sorrateiramente e tenta puxar conversa com ela de forma amigável. Ao perceber que ele está acompanhado de outras três pessoas, e que as intenções não parecem ser as melhores, ela corre para dentro de casa para avisar os pais, que trancam a cabana e tentam achar uma maneira de fugir.

De uma maneira simplória, podemos dizer que se trata de um clássico filme de invasores chegando a uma propriedade para fazer mal a quem está lá, mas não sabemos exatamente quem eles são, o que querem, e muito menos o porquê desse casal ter sido o escolhido. E enquanto isso não é desvendado, Shyamalan consegue criar um clima muito interessante de mistério e tensão. Finalmente aos poucos vamos descobrindo a motivação dos quatro invasores, e que isso tem a ver com a chegada de um provável apocalipse. Para evitar esse "fim do mundo", o casal deve escolher qual deles deve ser sacrificado para salvar a humanidade, e em cada negação, alguma tragédia aparentemente ocorre no mundo, como um terremoto ou um vírus legal.

Se no início o enredo prendeu minha atenção acerca da chegada desses indivíduos, logo comecei a perder o interesse na medida que os personagens foram sendo aprofundados, pois não comprei a ideia de nenhum deles. O grande mistério do filme é saber se esses quatro "cavaleiros do apocalipse" estão falando a verdade ou se não passam apenas de lunáticos movidos por algum culto religioso. E assim como o espectador, o casal também não sabe no que acreditar.


O filme tem boas atuações, com destaque para Jonathan Groff, Ben Aldridge e Dave Bautista. A menininha por sua vez começa bem, mas é uma pena que sua personagem fique totalmente obsoleta no decorrer da trama. Algumas escolhas narrativas de Shyamalan também parecem meio perdidas, como os flashbacks que mostram momentos cruciais na vida do casal Éric e Andrew antes deles irem passar as férias na cabana, e que não possuem força suficiente para se criar uma empatia por eles. Aliás, o roteiro até tenta pincelar sobre um possível crime de ódio por se tratar de um casal homossexual, mas isso também não é muito aprofundado e fica solto no ar. Uma pena que o material tenha sido tão descuidado pelo diretor já que o início parecia promissor, mas dessa vez não tem como defender.


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