terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Crítica: César Deve Morrer (2012)



Júlio César, obra de William Shakespeare, já ganhou tantas adaptações para o cinema, que poderíamos pensar que nada de diferente surgiria com seu nome. Porém, César Deve Morrer (Cesare deve Morire) está aí para comprovar que enquanto houverem diretores criativos, sempre haverá espaço para novas re-adaptações.




Filmado inteiramente no presídio de Segurança Máxima de Rebibbia, na Itália, e encenado apenas por detentos, o filme é uma grata surpresa, tanto na qualidade da produção, como na qualidade das atuações, misturando teatro, documentário e ficção.

Dirigido pelos irmãos Paolo Taviani e Vittorio Taviani, o filme mostra toda a preparação da peça, acompanhando a montagem, o teste de elenco, e os ensaios, até finalmente chegar o dia da encenação final, feita pelos detentos num teatro para pessoas de fora. A narrativa tem momentos emocionantes, como na hora em que, ao voltar para cela no final de tudo, um dos detentos diz a seguinte frase: "No momento em que conheci a arte, essa cela se tornou uma prisão".



Os diretores não fazem questão de esconder os crimes cometidos pelos detentos e muito menos defender a inocência de cada um, mas está na cara que aquela atividade cultural mudou a cabeça de muitos deles e os fez transportarem-se para uma nova realidade, pelos menos por alguns meses. Rodado em preto e branco (que eu particularmente achei uma escolha perfeita e que fez toda diferença), César Deve Morrer é um dos melhores de 2012 e, apesar de ser atual, já pode ser considerado um clássico. Viva o cinema, viva a arte!

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