quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Crítica: As Aventuras de Pi (2013)



Fui assistir esta semana nos cinemas As Aventuras de Pi (Life of Pi), novo filme do experiente Ang Lee (O Tigre e o Dragão / O Segredo de Brokeback Mountain), e infelizmente saí da sala bastante decepcionado. O filme é no mínimo inusitado, assim como todos os trabalhos do cineasta taiwanês costumam ser, mas dessa vez é um inusitado que cansa.


Pi Patel (Suraj Sharma) é um garoto Indiano, cujo pai é dono de um zoológico. Ele cresce nesse ambiente até que o pai decide vender o zoológico e partir com os animais para o Canadá em busca de uma condição melhor de vida. No trajeto, porém, o navio que a família viaja acaba naufragando, deixando Pi à deriva em um bote na companhia de uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre, chamado Richard Parker.

O filme começa lento e desgastante, e demora no mínimo 30 minutos para engrenar, o que faz com que você já comece a se sentir incomodado. Nesses minutos iniciais ganham forma as primeiras discussões teológicas do filme, que acabam sendo constantes daí para frente graças à busca do personagem pelo significado de Deus em diferentes religiões, como no Hinduísmo, no Catolicismo e no Islamismo.




A ação começa enfim a ganhar forma após a cena do naufrágio, muito bem construída por sinal. Um dos fatores positivos do filme é que Ang Lee não abre mão de colocar devaneios poéticos em forma de alegorias no meio das cenas, e isso ficou muito bom. Porém, a cada novo desafio e a cada novo perigo, Pi volta a invocar excessivamente a Deus, o que pode agradar a muitos mas, por outro lado, afasta a tantos outros.

O final é subjetivo e aberto a discussões, depois que surge uma nova estória que se sobrepõe a tudo que foi visto ao longo do filme. Apesar de complexo, o desfecho da obra é bastante desnecessário e deveras vazio, finalizando da pior maneira possível o que já estava ruim.



Seja defendendo e questionando as religiões, seja discutindo a relação familiar, ou simplesmente falando sobre sobrevivência em alto mar, a estória é cheia de simbolismos, e os destaques ficam por conta da trilha sonora e da sua fotografia fantástica. Por fim, As Aventuras de Pi tinha tudo para ser um dos melhores filmes de 2013, se não fosse feito para agradar um público específico, no caso, os cristãos.

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