quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A História do Oscar - Parte 1

Lá se vão 85 anos desde a primeira cerimônia do Oscar, ocorrida em 1929. De lá para cá a premiação, que no início era pouco divulgada, foi crescendo cada vez mais, até virar na maior festa da categoria no mundo todo. 

Diversos nomes, entre os principais do cinema, já levaram uma estatueta dourada para casa, enquanto tantos outros também foram "injustiçados". Mas a bem da verdade, mesmo com alguns erros, o Oscar nunca deixou de perder sua graça ao longo dos anos, e sempre trouxe expectativas aos amantes da sétima arte.

Depois de uma vasta pesquisa, que preencheu alguns dias do meu ócio, decidi contar nesse post, dividido em duas partes, um pouco da história da premiação, ano a ano, para que todos vejam o quão importante o Oscar acabou sendo, e ainda é, para a história das artes.



1929:
O primeiro Oscar da história foi realizado no dia 16 de maio de 1929, em Los Angeles, contando com um público estimado de 270 pessoas. O filme vencedor daquele ano foi Asas (Wings) do diretor William A. Wellmann. O prêmio de melhor ator foi para Emil Jannings e de melhor atriz para Janet Gaynor. Essa foi a única edição que teve seus premiados anunciados três meses antes da cerimônia.

1930:
Esse foi o único ano em que a premiação ocorreu duas vezes, um em abril e outra em novembro. O grande vencedor da edição foi Melodia da Broadway (Broadway Melody), com o prêmio de melhor ator para Warner Baxter e de melhor atriz para Mary Pickford. A edição de 1930 ficou marcada também por ser a primeira transmitida ao vivo, pela rádio local de Los Angeles. A edição de Novembro é considerada pela academia como o Oscar de 1931.

1931:
A edição de 1931, como disse acima, é a edição de novembro de 1930. O vencedor foi Sem Novidades no Front (All Quiet on the Western Front) do diretor Lewis Millestone, que também ganhou o prêmio pela sua direção. George Arliss ganhou como melhor ator e Norma Shearer como melhor atriz.

Cena de Sem Novidades no Front, de 1930.

1932:
Na edição de 1932, o Oscar ganhou 3 novas categorias: Animação, Comédia e Revelação. O prêmio de melhor filme foi para Cimarron, do diretor Wesley Ruggles, que passou a ser o primeiro filme da história a ganhar três prêmios (melhor filme, direção de arte e roteiro adaptado). Lionel Barrymore levou para casa o prêmio de melhor ator e Marie Dressler o de melhor atriz. Essa também foi a primeira vez que a academia aceitou filmes de línguas estrangeiras, o que gerou polêmica e muitas críticas na época.

1933:
A cerimônia de 1933 ocorreu sem muita repercussão, e o grande vencedor daquele ano foi o filme Grande Hotel (Grand Hotel), do diretor Edmund Golding. O prêmio de melhor ator foi dividido pela primeira vez, entre Wallace Berry e Fredric March, e o de melhor atriz foi parar nas mãos de Helen Hayes.

1934:
A edição de 1934 marcou o primeiro Oscar da carreira da atriz Katherine Hepburn, por sua atuação em Manhã de Glória (Morning Glory). Hepburn ainda ganharia mais três ao longo da carreira, se tornando a atriz mais premiada da história. Nesse ano, Charles Laughton ganhou o prêmio de melhor ator e o filme Cavalgada (Cavalcade), de Frank Lloyd (que com ele ganhou seu segundo Oscar de direção) foi o grande vencedor do júri.

1935:
Em 1935 a premiação já começou a crescer entre o público e a ganhar admiradores. O grande vencedor da edição foi Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night) com os prêmios de melhor filme, melhor ator (Clark Gable), melhor atriz (Claudette Colbert) e melhor diretor (Frank Capra). Foi o primeiro filme a ganhar os quatro prêmios máximos da academia em uma mesma edição. 

Nesse ano foram inclusas duas novas categorias: melhor trilha sonora e edição.

Clark Gable e Claudette Colbert em cena, no filme Aconteceu Naquela Noite.

1936:
É a partir da edição de 1936 que o prêmio passa a ser chamado de Oscar. O Grande Motim (Munity on the Bounty) foi escolhido o melhor filme, com Victor McLagen levando o prêmio de melhor ator e Bette David o de melhor atriz. Foi também nesse ano que John Ford ganhou seu primeiro Oscar (por O Delator) dos quatro que o fariam ser o diretor mais premiado da história.

1937:
Na edição de 1937, nascem os prêmios de ator e atriz coadjuvante. Até então, as indicações eram feitas juntas. O prêmio de melhor filme do ano ficou com Ziegfeld - O Criador de Estrelas (The Great Ziegfeld). O ator premiado foi Paul Muni e a atriz Luise Rainer. Frank Capra também levou sua segunda estatueta do Oscar de melhor diretor para casa por O Galante Mrs. Deeds.

1938:
A partir de 1938, a academia passou a mudar as regras da votação, incluindo como votantes os membros de estúdios e sindicatos. Émile Zola (The Life of Emile Zola) ganhou o prêmio de melhor filme, Spencer Tracy o de melhor ator e Luise Rainer, pelo segundo ano consecutivo, o de melhor atriz.

1939:
Os conflitos que se iniciavam na Europa, fizeram com que a edição de 1939 fosse uma das mais apagadas da história. Os destaques ficaram por conta do diretor Frank Capra, que levou seu terceiro Oscar de melhor diretor da carreira (o primeiro a conseguir tal façanha), do ator Spencer Tracy, que levou o prêmio de atuação pelo segundo ano consecutivo e da atriz Bette Davis, que levou sua segunda estatueta de melhor atriz para casa. O grande premiado do ano foi o filme Do Mundo Nada se Leva (You Can't Take It With You), do Capra.

1940:
O clássico E o Vento Levou.. (Gone With the Wind) foi o primeiro grande recordista de troféus, levando para casa 8 prêmios: melhor filme, melhor diretor (Victor Fleming), melhor atriz (Vivien Leigh), melhor roteiro, direção de arte, fotografia colorida, edição e atriz coadjuvante (Hattie McDaniel). Correndo por fora, o prêmio de melhor ator ficou com Robert Donat, por Adeus Mrs. Chips.

Clark Gable e Vivien Leigh em cena, no filme E o Vento Levou..

1941:
A edição de 1941 deu o primeiro e único Oscar da carreira do cineasta Alfred Hitchcock. Ele não ganhou como melhor diretor, mas como melhor filme por Rebecca - A Mulher Inesquecível (Rebecca). O prêmio da direção foi para John Ford, que ganhou pela segunda vez por As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath). James Stewart ganhou como melhor ator e Ginger Rogers como melhor atriz. 

Nessa edição passou também a ser premiado o melhor documentário do ano.

1942:
Como havia um medo eminente de ataques por conta da guerra, a edição de 1942 foi bastante reservada, sem contar com os grandes holofotes da mídia. Como Era Verde Meu Vale (How Green Was My Valley) foi o grande vencedor da noite, desbancando o grande favorito Cidadão Kane (Citizen Kane) de Orson Welles, no que é considerada uma das maiores "zebras" da premiação. John Ford levou para casa seu terceiro troféu da carreira como o diretor do filme premiado. Gary Cooper ganhou como melhor ator e Joan Fontaine como melhor atriz.

1943:
Depois de problemas de divulgação antes da hora, a partir dessa edição os votos passaram a ser segredo até a hora da premiação, como é até hoje. O premiado do ano foi o filme Rosa de Esperança (Mrs. Miniver) do diretor William Wyler, que também levou o prêmio pela direção. James Cagney levou o troféu de ator e Greer Garson o de atriz. Quando foi receber seu prêmio, Garson fez um discurso de nada mais que 40 minutos, o maior da história da academia, que fez com que as regras do tempo mudassem.

1944:
O grande premiado da edição de 1944 é o clássico Casablanca, do diretor Michael Curtiz. Além de melhor filme, ele também levou o prêmio de melhor diretor. Na categoria de melhor ator, Paul Lukas desbancou o favoritíssimo Humphrey Bogart, que resultou em mais uma das grandes surpresas da academia até então. O troféu de melhor atriz ficou com Jeniffer Jones, por A Canção de Bernadette.

Humphrey Bogart em cena no filme Casablanca. Até hoje, sua derrota para
Paul Lukas é considerada uma das maiores injustiças da academia.

1945:
Enquanto o mundo estava às voltas do fim da guerra, o Oscar era realizado numa cerimônia ainda mais reservada que a dos anos anteriores. O Bom Pastor (Going My Way) levou o prêmio de melhor filme, enquanto Bing Crosby era premiado melhor ator e Ingrid Bergman levava seu primeiro troféu de melhor atriz. 

1946:
Esse ano marca o primeiro Oscar da carreira do grande diretor Billy Wilder. Além do troféu particular, Wilder ainda levou para casa o prêmio máximo de melhor filme por Farrapo Humano (The Lost Weekend). Ray Milland venceu como melhor ator e Joan Crawford como melhor atriz.

1947:
O ano de 1947 consagrou o diretor William Wyder, que levou sua segunda estatueta de melhor diretor além de melhor filme, por Os Melhores Anos de Nossas Vidas (The Best Years of Our Lives). Fredric March ganhou o troféu de melhor ator e Olivia de Havilland o de melhor atriz.

1948:
O vencedor de melhor filme em 1948 foi A Luz Para Todos (Gentleman's Agreement), de Elia Kazan (que também ganhou como diretor). Ronald Colman levaria o Oscar de ator e Loretta Young o de melhor atriz.

1949:
A adaptação da peça de Shakespeare Hamlet, do diretor Laurence Olivier, foi o grande vencedor da edição do Oscar de 1949. Apesar de dirigir e atuar no filme, Olivier ganhou apenas o prêmio de melhor ator. John Huston foi quem ficou com o troféu de diretor por O Tesouro de Sierra Madre. Jane Wyman ganhou o prêmio de melhor atriz. 

A edição ficou marcada por ser a primeira a ter a premiação de melhor filme estrangeiro, e o vencedor foi o francês Mounsier Vincent.

Laurence Olivier, em Hamlet (1948).

1950:
A Grande Ilusão (All The King's Men), do diretor Robert Rossen foi o grande premiado da edição de 1950. Broderick Crawford e Olivia de Havilland (essa pela segunda vez) levaram os prêmios por suas atuações, além de Joseph L. Mankievicz levar o de melhor diretor por Quem é o Infiel?.

1951:
Em 1951 o grande vencedor foi o filme A Malvada (All About Eve), que além de ganhar como melhor filme deu o segundo Oscar seguido de melhor diretor para Joseph L. Mankievicz. José Ferrer ganhou o troféu de melhor ator e Judy Holiday de melhor atriz.

1952:
Sinfonia de Paris (An American in Paris) do diretor Vincente Minnelli foi quem ganhou o prêmio de melhor filme na edição de 1952. Humphrey Bogart, que já havia batido na trave duas vezes, dessa vez levou para casa o Oscar de melhor ator, e Vivien Leigh o de melhor atriz.

1953:
Marcado por ser a primeira edição transmitida ao vivo pela televisão americana, o Oscar de 1953 consagrou O Maior Espetáculo da Terra (The Greatest Show on Earth) como grande vencedor da noite. Gary Cooper levou o Oscar de melhor ator e Shirley Booth o de melhor atriz. A cerimônia marcou também o último Oscar ganho pelo diretor John Ford, que depois disso nunca mais foi indicado.

1954:
Indicado em 13 categorias e vencedor em oito, o grande premiado do ano foi A Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity) do diretor Fred Zinnemann. Além dos prêmios de melhor filme e diretor, o longa ainda levou os prêmios de ator coadjuvante (Frank Sinatra), atriz coadjuvante (Donna Reed), roteiro, fotografia, som e edição. William Holden levou o prêmio de melhor ator e Audrey Hepburn o de melhor atriz.

1955:
O grande vencedor de 1955 foi o filme Sindicato dos Ladrões, do Elia Kazan, que levou pra casa 8 estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Marlon Brando, que finalmente levou seu primeiro Oscar depois de 3 tentativas), melhor atriz coadjuvante (Eva Marie Saint), melhor roteiro, direção de arte e edição. O prêmio de melhor atriz ficou com Grace Kelly por The Country Girl.

Marlon Brando em Sindicato de Ladrões. Atuação que lhe rendeu o
primeiro Oscar da carreira.

1956:
Marty, do diretor Delbert Mann ganhou em 1956 os prêmios de melhor direção e filme, além de melhor ator com Ernest Borgnine. A atriz vencedora foi Anna Magnani, por A Rosa Tatuada

Um fato curioso da edição foi o Japão ter conquistado pelo segundo ano consecutivo o prêmio de melhor filme estrangeiro, com Miyamoto Musachi.

1957:
O ano de 1957 marca, talvez, uma das maiores injustiças da academia, que premiou A Volta ao Mundo em 80 Dias (Around the World in 80 Days) como melhor filme, deixando de lado super produção Assim Caminha a Humanidade (Giant), do diretor vencedor do ano George Stevens. A edição ainda teve Yul Brynner levando o prêmio de melhor ator e Ingrid Bergman levando seu segundo troféu de melhor atriz, por Anastasia.

1958:
No ano de 1958, o grande premiado foi o longa A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai) do diretor David Lean, com sete premiações (incluindo melhor filme, diretor e ator para Alec Guiness). O troféu de melhor atriz ficou com Joanne Woodward. O Italiano Federico Fellini ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro por As Noites de Cabíria.

1959:
Gigi, do diretor Vincente Minelli foi o grande vencedor dessa edição, levando para casa 8 troféus: melhor filme, direção, roteiro adaptado, fotografia colorida, edição, figurino, canção e trilha sonora. David Niven ganhou como melhor ator e Susan Hayward, após quatro tentativas frustradas, levou o de melhor atriz.

1960:
Indicado em 12 categorias, o épico Ben-Hur, do diretor William Wyler, conquistou 11 troféus, e se tornou o recordista de prêmios (recorde que duraria até 1997, com os prêmios de Titanic). Charlton Heaston levou o prêmio de melhor ator por esse filme e Simone Signoret se tornou a primeira mulher estrangeira a levar o Oscar de melhor atriz por Almas em Leilão.

A clássica cena da corrida de Bigas em Ben-Hur, que exigiu mais de 15 mil
figurantes e 5 semanas para ser concluída.

1961:
Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment) de Billy Wilder ganhou o Oscar de melhor filme em 1961, e o diretor levou para casa seu segundo Oscar da carreira. Burt Lancaster foi escolhido o melhor ator e Elizabeth Taylor a melhor atriz.

1962:
Amor Sublime Amor (West Side Story) foi o grande vencedor do Oscar de melhor filme em 1962. Sophia Loren ganhou seu primeiro prêmio como melhor atriz, e Maximilian Schell como melhor ator.

1963:
O ano de 1963 premiou Lawrence da Arabia (Lawrence of Arabia) como o melhor filme do ano. Gregory Peck levou o prêmio de melhor ator e Anne Bancroft de melhor atriz.

1964:
Desbancando o favorito (apesar de criticado) Cleópatra, o filme As Aventuras de Tom Jones (Tom Jones), de Tony Richardson, foi o grande vencedor do ano de 1964. A edição ainda marcou por Sidney Poitier ter sido o primeiro negro a a ganhar o troféu de melhor ator, por Uma Voz nas Sombras. Patricia Neal foi a vencedora na categoria melhor atriz. Além disso, o Italiano Federico Fellini levou para casa seu segundo Oscar de filme estrangeiro, por 8 e Meio.

1965:
O grande sucesso da edição de 1965 ficou por conta de Minha Bela Dama (My Fair Lady), que levou pra casa oito estatuetas, incluindo melhor filme, melhor diretor (George Cukor) e melhor ator (Rex Harrison). Julie Andrews levou o Oscar de melhor atriz por sua inesquecível atuação em Mary Poppins. O Italiano Vittorio de Sica levou o prêmio de filme estrangeiro por Ontem, Hoje e Amanhã.

1966:
Edição marcada por ser a primeira transmitida em cores para a televisão, e a primeira a anunciar os indicados através de videoclipes (recurso usado até hoje), teve como vencedor de melhor filme o clássico A Noviça Rebelde (The Sound of Music). Robert Wise ganhou como melhor diretor, Lee Marvin como melhor ator e Julie Christie como melhor atriz.

Cena clássica de A Noviça Rebelde.

1967:
O Homem que não Vendeu Sua Alma (A Man for all Seasons) foi o grande vencedor da edição, com os prêmios de melhor filme, diretor (Fred Zinnemann), ator (Paul Scofield), roteiro, fotografia e figurino. Elizabeth Taylor ganhou seu segundo Oscar da carreira por Quem Tem Medo de Virginia Woolf?.

1968:
O vencedor dessa edição foi No Calor da Noite (In the Heat of the Night). Rod Steiger levou o prêmio de melhor ator e Katherine Hepburn o de melhor atriz (o segundo da sua carreira).

1969:
Oliver! do diretor Carol Reed ganhou o prêmio de melhor filme em 1968, na edição que ficou marcada por ter sido transmitida para 37 países e se tornar o evento com maior audiência do mundo na época. O próprio Reed levou o prêmio de diretor, e Cliff Robertson o de melhor ator. Na categoria de melhor atriz, Katherine Hepburn e Barbra Streisand ficaram empatadas e cada uma levou um troféu para casa.

1970:
Na edição de 1970, Perdidos na Noite (Midnight Cowboy) levou o prêmio de melhor filme, mas seu grande protagonista (Dustin Hoffman) acabou ficando de mãos vazias, em mais uma das grandes injustiças da academia. O prêmio de melhor ator foi para John Wayne, mais como forma de consolo por ele ter uma vasta carreira de bons filmes e nunca ter ganho um prêmio, do que por méritos. Já Maggie Smith foi quem levou o prêmio de melhor atriz para casa.

Jon Voight e Dustin Hoffman em Perdidos na Noite.

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