quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Crítica: Capitão Phillips (2013)


Em 2009, a notícia de um sequestro liderado por piratas em um navio cargueiro  na costa africana chocou o mundo, e os Estados Unidos não mediram esforços para resolver a situação custasse o que custasse. Essa história de coragem e sobrevivência nos é apresentada em Capitão Phillips (Captain Phillips), novo filme do diretor Paul Greengrass.


Rich Phillips (Tom Hanks) é designado para comandar o navio cargueiro Maersk Alabama pela costa africana, levando condimentos até um país do continente. Preocupado desde o início pela região ter um histórico perigoso, e ser alvo constante de ataques de piratas, ele vai com bastante receio, mas ainda assim confiante de que nada vai acontecer. Desarmado e com uma tripulação despreparada para qualquer tipo de combate, ele passa a ter de lidar contra 4 bandidos somalis que invadem o convés e tocam o terror em busca de dinheiro.

Desde o começo, percebemos que não se trata de um filme de ação qualquer. O diretor vai nos ambientando no enredo aos poucos, de forma super natural, mas sem se arrastar ou apelar para dramatização. Do meio em diante, o filme é pura tensão. Sem medo de utilizar uma câmera inquieta, somos postos dentro de um turbilhão de acontecimentos, o que deixa o espectador sem ar até os créditos finais. É elogiável que Greengrass não utiliza nenhuma espécie de efeito especial, o que deixa a trama muito mais real e consistente.


A aproximação dos piratas junto ao navio é filmada de forma esplendorosa e lenta, crescendo de intensidade a cada minuto. A sequência é demorada, mas nem um pouco exagerada. Isso dá ao filme o clima perfeito de preparação para o que está por vir. No momento que eles adentram o espaço físico do navio, sentimos no olhar do capitão o desespero e a dúvida sobre o que fazer.

Aliás, o personagem do capitão é forte e muito bem desenvolvido. Não é difícil a identificação do público com ele, já que não há nenhum super-herói por trás de seu rosto, apenas um homem comum em uma situação passível de acontecer a qualquer um. Tom Hanks tem aqui uma das melhores atuações da sua carreira, e talvez a sua melhor da década. A cena final é de um primor só, e já valeria o óscar para Hanks.


Cada um dos piratas possui uma característica própria. Um é considerado o "chefe", e comanda tudo. Outro "acha" que é chefe e por isso usa de maldade contra os tripulantes o tempo inteiro. O terceiro é quieto, estranho, e parece estar preparado para qualquer coisa a qualquer momento. O último deles é o mais emblemático. Jovem, com apenas 17 anos, ele na verdade não gostaria de estar ali, e fica evidente no seu olhar e nos seus gestos que o que ele mais queria era que tudo acabasse logo e ele pudesse ir para casa.

Dentre eles, o mais interessante é o personagem Muse. Conflitando diretamente com Phillips, ele é o líder do grupo invasor, e mesmo cometendo um ato criminoso, no fundo demonstra um pouco de humanidade ao lidar com os tripulantes. Por fim, Capitão Phillips é uma grande surpresa vinda do tão defasado cinema norte-americano. Como disse anteriormente, um exemplo de coragem. Com cenas brilhantes e muito bem feitas, certamente já é um dos pré-candidatos ao Óscar do ano que vem.


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