domingo, 22 de dezembro de 2013

Recomendação de Filme #48

O Oitavo Dia (Jaco Van Dormael) - 1996

Hoje em dia, quando se fala em cinema belga, os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne são os primeiros a serem lembrados. No entanto, na mesma época em que os dois iniciaram a carreira, outro nome de sucesso e competência também surgia para o mundo, mudando de vez os rumos do cinema feito no país. O nome dele? Jaco Van Dormael.


Seu nome porém, não é tão conhecido do público em geral, principalmente por conta da sua minúscula filmografia. Enquanto os irmãos Dardenne possuem uma vasta lista de obras e ainda estão na ativa, Van Dormael tem apenas três filmes lançados até hoje. Entre eles, porém, está o magnífico O Oitavo Dia (L'Huitième Jour).

No início do filme, somos apresentados a George (Pascal Duquene), um jovem com Síndrome de Down que é internado num hospital especializado após a morte da mãe. Ele não acredita na morte da única pessoa que lhe dava amor na vida, e conversando com ela através dos sonhos, traça o objetivo de voltar para casa.


Quando ele foge do local, acaba sendo atropelado por Harry (Daniel Auteil), um executivo que vive uma crise existencial, tanto no trabalho como na vida pessoal. Preocupado com George, acaba recolhendo o garoto e levando-o para casa, para que ele se recupere. No entanto, com o tempo acaba surgindo uma amizade tão forte entre os dois, que Harry não consegue mais se desfazer do novo amigo, e juntos, eles partem em uma aventura de carro pelas estradas da Califórnia.

O garoto não tem ninguém após a morte da mãe, já que a irmã não o quer em casa e o renega por conta de sua condição. O executivo espera recuperar seu posto de marido e pai, visto que sua esposa quer deixá-lo por conta de seu vício no trabalho. Um acaba suprindo esse vazio sentimental no outro, e essa junção acaba criando uma série de situações diversas.


George é a imagem da ingenuidade, alegre quase todo o tempo, mas com graves alterações de humor. Dormael nos apresenta a história sobre seu ponto de vista, mostrando seus sonhos e desejos com uma simplicidade tocante. A relação que George mantém com a natureza, e a alegria que ele tem em estar vivo, faz a gente rever muitos dos nossos conceitos.

O roteiro não vai para o lado patético, e não tenta mostrar George como diferente. E é justamente nessa questão de igualdade que o filme tem seu principal acerto. Mesmo sendo cético, é impossível não se emocionar no final, quando seguindo uma leitura bíblica, George diz que "no Oitavo Dia deus criou George e viu que isso era bom". Lindo!


As atuações são marcantes, e a prova disso é que os dois dividiram o prêmio de melhor ator em Cannes, fato que aconteceu pela primeira vez na história do festival. Por fim, trata-se de um belíssimo filme. Leve e divertido, mostra a visão que a sociedade preconceituosa tem dos portadores de Down, o que muita vezes começa na própria família. 

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