segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Especial Óscar: os filmes estrangeiros que fizeram sucesso na premiação

Faltam poucos dias para a 92ª edição do Óscar, e um nome em especial vem chamando muito a atenção: Parasita, do sul-coreano Bong Joon-ho. Indicado em seis categorias, Parasita é apenas o oitavo filme em língua não-inglesa da história a concorrer também na categoria de melhor filme, e para muitos é o favorito para fazer história e se tornar o primeiro a vencer o prêmio principal. Pensando nisso, resolvi pesquisar e trazer para vocês uma lista com filmes que, assim como Parasita, também concorreram em categorias do Óscar além da de melhor filme estrangeiro. Confira:


Marie-Louise, de Richard Schweizer (Suíça) - Óscar de 1946
O longa suíço foi primeiro filme em língua não-inglesa da história a aparecer no Óscar, e já se saiu bem ao conquistar a estatueta de melhor roteiro original, feito que serviu para que finalmente a Academia começasse a abrir os olhos para enxergar e reconhecer o cinema feito em outros países.

Roma - Cidade Aberta, de Roberto Rossellini (Itália) - Óscar de 1947
Um ano depois, o clássico de Roberto Rossellini, que mostrava a Itália durante o final da ocupação nazista, concorreu como melhor roteiro adaptado. Foi a primeira participação de um filme italiano no Óscar, antes do país se tornar o maior detentor de indicações e vitórias ao longo dos anos.

Ladrões de Bicicleta, de Vittorio de Sica (Itália) - Óscar de 1950
O filme de Vittorio de Sica concorreu como melhor roteiro adaptado além de ter levado para casa a estatueta de melhor filme estrangeiro (que nesta edição ainda era entregue como um prêmio honorário, sem haver competição com outros longas).

A Estrada da Vida, de Federico Fellini (Itália) - Óscar de 1957
O filme de Fellini foi indicado também como melhor roteiro original, mas venceu apenas como melhor filme estrangeiro nesta edição, que marcou como sendo a primeira em que a Academia finalmente oficializou esta categoria, transformando-a em algo competitivo.

O Balão Vermelho, de Albert Lamorisse (França) - Óscar de 1957
No mesmo ano, o francês O Balão Vermelho conquistou o prêmio de melhor roteiro original, mesmo sem estar concorrendo como melhor filme estrangeiro.

Umberto D., de Vittorio de Sica (Itália) - Óscar de 1957
Ainda em 1957, outro filme italiano se fez presente na premiação, e também fora da categoria de filme estrangeiro: Umberto D., obra-prima do italiano Vittorio de Sica, que concorreu a melhor história original (prêmio que já foi extinto).

Os Boas Vidas, de Federico Fellini (Itália) - Óscar de 1958
A comédia de Fellini concorreu na categoria de melhor roteiro original em 1958, mas saiu sem a vitória. Curiosamente, Fellini conquistaria o Óscar de melhor filme estrangeiro nesta mesma edição com outro filme, Noites de Cabíria.

Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman (Suécia) - Óscar de 1960
O filme de Bergman não chegou a concorrer como melhor filme estrangeiro neste ano, mas estava na categoria de melhor roteiro original. Foi a primeira participação do cineasta no Óscar, que depois viria a ser indicado mais onze vezes, vencendo em três.

Os Incompreendidos, de François Truffaut (França) - Óscar de 1960
Considerado por muitos o grande filme da carreira de Truffaut, o drama concorreu na categoria de melhor roteiro original, e só não representou a França na categoria de melhor filme estrangeiro porque concorria com Orfeu Negro, que inclusive se sagrou como grande vencedor.

A Doce Vida, de Federico Fellini (Itália) - Óscar de 1962
A Doce Vida de Fellini foi o primeiro estrangeiro a concorrer em quatro categorias no Óscar, mas curiosamente não estava na de melhor filme estrangeiro (algumas coisas no Óscar são realmente difíceis de se entender). O filme foi indicado a melhor diretor, melhor roteiro original, melhor direção de arte e melhor figurino, saindo vencedor apenas desta última.

Através de um Espelho, de Ingmar Bergman (Suécia) - Óscar de 1962
Com Através de um Espelho, Bergman conquistou a primeira das suas três vitórias na categoria de melhor filme estrangeiro. O filme também concorreu como melhor roteiro original.

A Balada do Soldado, de Grigori Chukhrai (União Soviética) - Óscar de 1962
Outro filme que concorreu a melhor roteiro original em 1962 foi o soviético A Balada do Soldado, que numa injustiça (provavelmente pelas questões políticas da época) ficou de fora na categoria de melhor filme estrangeiro.

Divorcio à Italiana, de Pietro Germi (Itália) - Óscar de 1963
Outro caso de um filme que não concorreu como melhor filme estrangeiro mas que concorreu em outras categorias é o de Divórcio á Italiana, que foi indicado a melhor diretor, melhor roteiro e melhor ator (Marcello Mastroianni) em 1963.

8 1/2, de Federico Fellini (Itália) - Óscar de 1964
Fellini voltou ao Óscar dois anos depois de A Doce Vida e levou seu filme mais autobiográfico (para muitos a sua obra-prima) a cinco categorias da premiação: melhor diretor, melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor figurino e melhor filme estrangeiro. O filme fez história ao se tornar o primeiro em outra língua a ganhar dois prêmios na mesma noite: melhor filme estrangeiro e melhor figurino.

Um Homem, Uma Mulher, de Claude Lelouch (França) - Óscar de 1967
O grande sucesso da carreira de Claude Lelouch concorreu em quatro categorias, incluindo melhor direção e melhor atriz (Anouk Aimée), e saiu vencedor em duas: melhor filme estrangeiro e melhor roteiro original.

A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo (Itália) - Óscar de 1969
No ano que ficou marcado por uma grande mudança de perspectiva do cinema em Hollywood, o filme ítalo-argelino concorreu em melhor diretor e melhor roteiro original, mas não conseguiu vencer em nenhuma das duas. Curiosamente, o filme já havia concorrido como melhor filme estrangeiro, mas em 1966, três anos antes.

Z, de Constantin Costa-Gavras (Argélia) - Óscar de 1970
O filme de Costa-Gavras fez história ao se tornar o primeiro em língua estrangeira a concorrer também na categoria principal do Óscar, a de melhor filme, fato que só se repetiu mais sete vezes (1973, 1974, 1999, 2001, 2013, 2019 e agora em 2020). Perdeu para Perdidos da Noite, mas venceu em outras duas: melhor filme estrangeiro (primeira filme africano a ganhar este prêmio) e melhor edição. O filme ainda concorreu em melhor roteiro original e melhor diretor.

Satyricon, de Federico Fellini (Itália) - Óscar de 1971
Depois de ser esnobado no Óscar de melhor filme estrangeiro em 1970, a comédia satírica e ousada de Fellini concorreu em apenas uma categoria no Óscar de 1971, justamente na de melhor diretor.

O Jardim dos Finzi-Contini, de Vittorio de Sica (Itália) - Óscar de 1972
O drama de Vittorio de Sica foi indicado em duas categorias, a de melhor filme estrangeiro e a de melhor roteiro original, saindo vencedor apenas da primeira.


O Discreto Charme da Burguesia, de Luis Bunuel (França) - Óscar de 1973

O filme do espanhol Luis Bunuel representou a França na categoria de melhor filme estrangeiro e também concorreu como melhor roteiro original, mas venceu apenas na primeira.

Os Emigrantes, de Jan Troell (Suécia) - Óscar de 1973
O drama sueco surpreendeu a todos na edição de 1973 ao concorrer em cinco categorias, incluindo a de melhor filme. Também concorreu em melhor diretor e melhor atriz (Liv Ulmann), porém não venceu nada.

Gritos e Susurros, de Ingmar Bergman (Suécia) - Óscar de 1974
O maior sucesso de Bergman no Óscar concorreu em cinco categorias, incluindo a de melhor filme principal. Curiosamente, não concorreu na categoria de melhor filme estrangeiro, por uma opção da Academia, mas saiu vencedor na de melhor fotografia.

A Noite Americana, de François Truffaut (França) - 1974/1975
O filme de Truffaut concorreu em dois Óscar diferente, em 1974 como melhor filme estrangeiro, e em 1975, como melhor diretor, melhor roteiro original e melhor atriz coadjuvante (Valentina Cortese).

Amarcord, de Federico Fellini (Itália) - Óscar de 1975/1976
A última participação de Fellini no Óscar foi com Amarcord, que foi indicado em dois anos diferentes. Em 1975, concorreu e venceu como melhor filme estrangeiro. Já em 1976, concorreu como melhor diretor e melhor roteiro original, não tendo vencido em nenhuma das duas.

Pasqualini Sete Belezas, de Lina Wertmuller (Itália) - Óscar de 1977
O filme foi indicado em quatro categorias, melhor filme estrangeiro, melhor diretor, melhor ator (Giancarlo Giannini) e melhor roteiro original, mas curiosamente perdeu em todas, inclusive na de melhor filme estrangeiro (para o marfinense La Victoire de Chantant) onde era o grande favorito.

Cousin, Cousine, de Jean-Charles Tacchella (França) - Óscar de 1977
O filme concorreu a três Óscar, melhor filme estrangeiro, melhor roteiro original e melhor atriz (Marie-Christine Barrault), mas não ganhou nenhum.

Face a Face, de Ingmar Bergman (Suécia) - Óscar de 1977
Face a Face concorreu em duas categorias no ano de 1977; melhor diretor e melhor atriz (Liv Ulmann), e ficou de fora justamente na de melhor filme estrangeiro.

Esse Obscuro Objeto do Desejo, de Luis Bunuel (Espanha) - Óscar de 1978
O filme de Bunuel foi indicado a melhor filme estrangeiro e melhor roteiro original em 1978, mas perdeu nas duas categorias.

Sonata de Outono, de Ingmar Bergman (Suécia) - Óscar de 1979
Sonata de Outono é mais um filme do sueco Ingmar Bergman que não concorreu a melhor filme estrangeiro, mas que estava presente na categoria de melhor roteiro original.

A Gaiola das Loucas, de Édouard Molinaro (França) - Óscar de 1980
A comédia Ítalo-francesa concorreu a três Óscar em 1980, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor figurino, mas não ganhou nenhum.

O Barco - Inferno no Mar, de Wolfgang Petersen (Alemanha) - Óscar de 1983
O filme alemão concorreu em cinco categorias no Óscar de 1983, incluindo melhor diretor e melhor roteiro adaptado, mas não se sagrou vencedor em nenhuma.

Fanny & Alexander, de Ingmar Bergman (Suécia) - Óscar 1984
Essa foi a terceira vez que Ingmar Bergman concorreu e venceu como melhor filme estrangeiro, mas o filme foi ainda além. Ganhou também nas categorias de melhor figurino, melhor fotografia e melhor direção de arte, sendo até aquele ano o filme estrangeiro mais bem sucedido na premiação.

Ran, de Akira Kurosawa (Japão) - Óscar de 1986
Considerado o maior diretor da história do cinema japonês, Akira Kurosawa teve pouco reconhecimento no Óscar. Com Ran ele concorreu a melhor diretor, além de melhor direção de arte, melhor fotografia e melhor figurino, vencendo apenas nesta última.

A História Oficial, de Luis Puenzo (Argentina) - Óscar de 1986
O argentino A História Oficial foi o primeiro filme sul-americano a concorrer no Óscar fora da categoria de filme estrangeiro. O filme de Luis Puenzo também foi indicado como melhor roteiro original.

Minha Vida de Cachorro, de Lasse Halmstrom (Suécia) - Óscar de 1988
O drama do sueco Lasse Halmstrom, que lançou sua carreira, foi indicado em duas categorias no Óscar de 1988: melhor diretor e melhor roteiro adaptado.

Pelle, O Conquistador, de Bille August (Dinamarca) - Óscar de 1989
O drama dinamarquês venceu como melhor filme estrangeiro e ainda concorreu na categoria de melhor ator, com Max von Sydow. Curiosamente foi o segundo ano seguido que a Dinamarca ganhou na categoria, tendo vencido em 1988 com A Festa de Babette.

Indochina, de Régis Wargnier (França) - Óscar de 1993
Além de vencer como melhor filme estrangeiro, o drama emocionante de Régis Wargnier também concorreu na categoria de melhor atriz, com Catherine Deneuve.

A Fraternidade é Vermelha, de Krzysztof Kieslowski (Polônia) - Óscar de 1995
O filme, que faz parte da "trilogia das cores" do cineasta Krzysztof Keislowski, concorreu a melhor diretor, melhor roteiro original e melhor fotografia, mas curiosamente não concorreu como filme estrangeiro.

A Vida é Bela, de Roberto Benigni (Itália) - Óscar de 1999
O filme italiano concorreu em sete categorias no Óscar de 1999, vencendo em três: melhor filme estrangeiro, melhor trilha sonora e melhor ator (Roberto Benigni). O filme também concorreu na categoria principal.


Central do Brasil, de Walter Salles (Brasil) - Óscar de 1999
Grande sucesso do nosso cinema, Central do Brasil concorreu em duas categorias no Óscar de 1999: melhor filme estrangeiro e melhor atriz (Fernanda Montenegro).

O Tigre e o Dragão, de Ang Lee (Taiwan) - Óscar de 2001
O Tigre e o dragão foi um grande marco na carreira do taiwanês Ang Lee, que já havia sido indicado duas vezes para melhor filme estrangeiro, mas que dessa vez foi indicado a nada mais nada menos do que dez prêmios, inclusive na categoria de melhor filme. O longa venceu em quatro: melhor filme estrangeiro, melhor trilha sonora, melhor direção de arte e melhor fotografia.


Cidade de Deus, de Fernando Meirelles (Brasil) - Óscar de 2004
Esnobado no Óscar de melhor filme estrangeiro em 2003, Cidade Deus voltou ao Óscar em 2004 concorrendo em quatro categorias: melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia e melhor montagem, sendo até o momento o brasileiro mais bem sucedido da história da premiação.

Amour, de Michael Haneke (Áustria) - Óscar de 2013
Após uma década de ostracismo dos filmes estrangeiros no Óscar, Amour, do Michael Haneke, apareceu concorrendo em cinco categorias, incluindo a de melhor filme, melhor diretor e melhor atriz (Emmanuelle Riva), e venceu apenas na de filme estrangeiro.

Roma, de Alfonso Cuarón (México) - Óscar de 2019
O último caso de filme estrangeiro fazendo sucesso no Óscar foi no ano passado, com o mexicano Roma, do diretor Alfonso Cuarón. O filme concorreu em dez categorias, e venceu em três: melhor diretor, melhor fotografia e melhor filme estrangeiro.

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