quarta-feira, 7 de junho de 2023

Crítica: Sede Assassina (2022)


Quase dez anos após o excelente Relatos Selvagens, para mim um dos melhores filmes da década passada, o diretor argentino Damián Szifron volta às telas irreconhecível com Sede Assassina (To Catch a Killer), filme que marca sua estreia nos Estados Unidos mas que infelizmente foge totalmente da originalidade que o diretor havia demonstrado no seu filme anterior, com um roteiro genérico e muito decepcionante.

 

É noite de ano novo em Baltimore, e enquanto estouram os foguetes que a prefeitura prometeu serem os mais bonitos já vistos na cidade, um assassino usa o barulho para disfarçar seus tiros, e da janela de um prédio mata vinte e nove pessoas aleatoriamente, explodindo o apartamento em que estava logo depois. Todos os policiais da área são chamados ao local com urgência, e entre eles está Eleanor (Shailene Woodley). Por se tratar de um crime gravíssimo, o FBI passa a investigar o caso sob o comando de Lammark (Ben Mendelsohn), que chama para junto dele a própria Eleanor, pois percebeu a destreza dela e principalmente a sua coragem enquanto ela ajudava a evacuar o prédio de onde foram feitos os disparos e ajudar os sobreviventes.

Juntos, os dois vão buscando provas e chegando cada vez mais perto do assassino e de suas motivações. Eleanor inclusive já tentou entrar para o FBI, mas acabou sendo reprovada por questões pessoais e de comportamento, e agora finalmente tem a chance de acompanhar de perto uma operação da agência federal. Porém, como falei no início, o roteiro é extremamente genérico, e as atuações não ajudam nem um pouco a melhorar isso. Shailene Woodley tem aqui uma das personagens mais básicas de sua carreira, e se torna completamente impossível comprar sua personalidade, mesmo com o diretor tentando abordar seus traumas do passado e até mesmo uma possível depressão enfrentada por ela. O personagem de Ben Mendelsohn também é mal construído e o seu arco fora da investigação é extremamente vazio.


Ao priorizar a relação e a vida pessoal dos dois protagonistas, o filme faz aquilo que não deveria ter jamais cogitado fazer: deixar a história do serial Killer em segundo plano. O que parecia um início promissor, com a ideia de um assassino em série à solta, acaba perdendo totalmente o foco, e no final a sua motivação acaba sendo muito rasa. Sem falar em uma cena que envolve a mãe do assassino, que é uma das coisas mais constrangedoras que vi em um filme este ano. O filme também tenta fazer uma crítica a respeito da liberação das armas e a facilidade de se conseguir comprar elas nos Estados Unidos, mas também não se aprofunda nisso e se torna uma discussão vazia. No fim, Sede Assassina acaba sendo apenas um episódio longo, e muito mal feito, de qualquer série de investigação estilo C.S.I., e nada mais do que isso.

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