quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Crítica: O Passado (2013)


Depois dos aclamados Procurando Elly (Darbareye Elly) e A Separação (Jodaeiye Nader as Simin), vencedores de diversos prêmios incluindo o Óscar de melhor filme estrangeiro para o segundo, era de esperar que o novo filme do iraniano Asghar Farhadi fosse um dos mais aguardados desse final de ano. E a espera valeu a pena. Com um enredo difícil de ser explicado, mas fácil de ser acompanhado, Le Passé consegue se firmar como o melhor trabalho do diretor até o momento.



A trama inicia com Marie (Bérénice Bejo) indo buscar Ahmad (Ali Mosaffa) no aeroporto de Paris. Aos poucos descobrimos a relação que há entre os dois: separados há 4 anos, Ahmad está vindo de Teerã para assinar o divórcio definitivo do casal. Sendo hospedado na casa da ex-mulher, ele acaba sendo inserido em todos os conflitos familiares existentes naquelas quatro paredes onde um dia ele morou.

Marie vive numa casa na periferia de Paris, junto de suas duas filhas advindas de outro casamento e o novo namorado Samir (Tahar Rahim), que trouxe junto seu filho pequeno Farour. Lucie, a filha adolescente, não aceita o novo namorado, e o clima dentro de casa parece ficar pior a cada dia que passa, sobretudo quando a relação do casal parece ficar mais séria com o surgimento de uma gravidez.



Nessa conturbada teia afetiva ainda existe a esposa de Samir, com quem ele ainda não é separado legalmente, que está em coma no hospital após uma tentativa de suicídio. A complexidade das relações familiares vai ganhando forma com o surgimento de fatos do passado, através de revelações dos personagens.

O enredo multifacetado faz com que o filme vá ficando mais intenso a cada cena. As consequências morais de uma escolha mal feita é o grande ponto abordado pelo enredo. Os personagens carregam nas costas a culpa de ações feitas no passado, e aos poucos vamos descobrindo seus segredos e suas verdades encobertas. Tudo isso ate chegar à cena final, que é de tirar o fôlego e deixar o coração na garganta. 



É um filme que dói, e não é pouco. Principalmente por se real e passível de acontecer com qualquer um. O diretor valoriza ao máximo as relações humanas, e grande parte desse sucesso fica por conta das atuações. Bérénice Bejo e Ali Mosaffa dão um show como protagonistas, e Tahar Rahim também surpreende com uma participação emocionante. A estória é tão envolvente e imprevisível, que prende o espectador durante mais de duas horas mesmo sem contar com nenhum tipo de trilha sonora ou efeito.

O longa foi escolhido para representar o Irã no próximo Óscar e com certeza deve ficar entre os finalistas. Afinal, merece! Não há o que criticar. Tudo é perfeito, desde a primeira cena até a última. Farhadi se consagra como o grande diretor iraniano da década, e isso é só o começo de uma carreira que promete muito mais.




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