domingo, 6 de outubro de 2013

Recomendação de Filme #37

Se.... (Lindsay Anderson) - 1968

A década de 60 foi uma década à parte na história da humanidade. Poucas vezes se viu um período tão rico em revoluções de costumes, conflitos de gerações e união de jovens acerca de movimentos políticos. O cinema não deixou de ter sua parcela de participação nessa mudança paradigmática, e muitos filmes lançados na época traziam a força do espírito rebelde dessa juventude, e toda sua insatisfação.
Se.... (If....), da diretora Lindsay Anderson, foi lançado exatamente em 1968, quando explodiam nas ruas as mais controversas ideias dos movimentos de contracultura. Filmado em forma de capítulos (oito no total), o longa se passa em uma instituição estudantil da Inglaterra, onde a rigidez, a disciplina e a manutenção dos antigos valores valem acima de tudo. Logo de cara, no primeiro capítulo de volta às aulas, há a divisão entre os calouros e os veteranos, esses liderados por Mick (Malcolm McDowell).
Aparentemente tudo está como sempre. Mas essa rotina habitual vai se revelando cada vez mais nociva aos alunos, com o filme abordando temas como pedofilia dos coordenadores, hipocrisia e o descaso dos diretores e superiores. "Quando começamos a viver? É tudo o que eu quero saber", é a pergunta que Mick se faz junto dos amigos, e isso já deixa claro que o grupo tem planos maiores para sair de tudo isso.
Entre os capítulos, vamos acompanhando o dia-dia da instituição, e cada vez mais a merda vai sendo jogada no ventilador, com perdão da sentença. Isso tudo culmina em uma violenta revolta vista nos capítulos finais, onde calouros e veteranos se juntam para mudar o quadro de forma drástica e violenta.

Entendido como uma crítica ferrenha aos sistemas educacionais vigentes na época, (isso já começa no nome, uma conjunção seguida de quatro pontos, que deixaria qualquer professor de cabelo em pé), o filme acabou levando a censura máxima nos cinemas ingleses, sendo bastante restrito sua divulgação e exibição. Isso porém, não impediu o filme de levar para casa o prêmio máximo do Festival de Cannes de 1969.


Esse foi o filme que lançou Malcolm McDowell para o cinema, que dois anos depois estrelaria o clássico Laranja Mecânica. As atuações são bem marcantes, principalmente a dele. Todos os elementos técnicos também são impecáveis, e o diretor consegue transpôr de forma perfeita todo o espírito daquela época. Um filme cruel, mas que vale a pena ser visto por todos.

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