domingo, 10 de novembro de 2013

Recomendação de Filme #42

Luzes da Ribalta (Charlie Chaplin) - 1952


Charlie Chaplin era um gênio do cinema, e isso ninguém pode negar. Criador do personagem mais querido da história do cinema, é reverenciado até hoje como o grande nome do humor na época do cinema mudo. Porém, não só de comédia viveu o cineasta. Lançado em 1952, Luzes da Ribalta (Limelight) é um dos seus últimos trabalhos da carreira, e talvez um dos menos conhecidos.


Na trama Chaplin é Calvero, um velho comediante que no passado fez sucesso em frente a enormes plateias, mas que agora vive esquecido e longe dos holofotes. Aos poucos fica evidente que Calvero traz muito dos sentimentos que Chaplin possuía naquela época fora das telas, como seus traumas, seus medos, sua insegurança quanto ao futuro e sua nostalgia do passado. Por isso mesmo é um filme de essência triste e melancólica, do início ao fim, onde o sorriso do palhaço dá lugar às lágrimas.

Com o advento dos filmes falados, ficou claro que seu personagem Carlitos perdeu muito do brilho que tinha adquirido nos anos áureos do cinema mudo. Isso acabou deixando Chaplin bastante depressivo na época, e todo esse processo de amargura pode ser visto no filme, em cada diálogo e em cada cena. Por tudo isso, o filme tem um significado especial para quem é fã do artista, como se fosse um tratado de toda sua obra.

Seguindo na estória, quando Calvero chega na pensão em que mora, percebe um cheiro de gás vindo de um dos apartamentos, e ao arrombar a porta encontra a jovem Thereza Ambrose (Claire Bloom) desacordada. Incumbido a ajudar a moça na recuperação, ele passa a cuidar dela em seu próprio apartamento até que melhore. Logo que ela desperta, o homem pergunta o porque dela ter tentado o suicídio, e Thereza explica que sempre teve o sonho de se tornar bailarina, mas agora que suas pernas ficaram paralisadas, seu sonho ficou muito distante de ser realizado.

Não demora muito para surgir uma forte amizade entre os dois. Calvero passa a incentivar Thereza a voltar a dançar, ainda que ela no começo se sinta insegura. Após seu retorno aos palcos, ela acaba atingindo um certo estrelato, enquanto Calvero continua no mesmo ostracismo de fim de carreira.


A relação dos dois é incrivelmente bem construída, com muita delicadeza. Apesar da diferença de idade ambos se completam, enquanto falam do gosto em comum pela arte. Calvero se sente realizado em ver Thereza alcançar o sucesso, mesmo que no fundo, ele sentisse o desejo de estar no lugar dela. Num misto de melancolia e otimismo, o filme passa a mensagem de que deve-se acreditar sempre na força do talento, seja qual for a situação, naquilo que pode ser visto como um testamento do artista.

Por fim, é um filme para guardar para o resto da vida. Lindo, sensível, triste e com um Chaplin como nunca visto antes. O típico trabalho que dá orgulho de ser um amante do cinema. Só resta agradecer a Chaplin por toda sua contribuição às artes cinematográficas.


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