segunda-feira, 7 de abril de 2014

Crítica: Uma Juíza sem Juízo (2014)


Como proceder quando somos obrigados a abrir mão de um segredo vexatório para salvar a pele de outra pessoa. É sobre esse mote que gira a história de Uma Juíza sem Juízo (9 Mois Ferme), comédia despretensiosa que fez sucesso de bilheteria na França e chegou a concorrer a uma série de prêmios no início desse ano.



Ariene Felder (Sandrine Kiberlain) é uma mulher solteira e sem filhos, que trabalha no Supremo Tribunal como juíza da vara de família. Em plena virada do ano ela está sozinha em seu escritório, em meio a pilhas de papel, enquanto os colegas do tribunal se divertem no térreo em uma gigantesca festa. Mesmo conhecendo seu espírito recluso, os colegas vão até o local e depois de muita insistência convencem ela a participar da festa.

Em plena madrugada, a câmera foca em uma mulher saindo cambaleante do tribunal. Não demora para percebermos que é Ariene, e que ela exagerou na dose. Porém, não há muito foco na cena, e o filme logo pula para seis meses depois. A juíza continua com sua rotina de trabalho no tribunal, pegando casos estranhos e lindando rigidamente com eles. Porém, ao sentir enjôos, ela descobre que está grávida, e segundo o período que o médico deu, o ato teria sido no dia da festa (ainda que ela não lembre de nada).



O primeiro suspeito de ser pai é o colega juiz Bernard (Phillipe Uchan), e para descobrir, ela recolhe um tufo de cabelo seu para fazer exame. No entanto, o resultado do DNA indica que o pai não é Bernard, mas sim um homem que está preso, acusado de matar violentamente uma vítima com resquícios de sadismo e psicopatia.

Sem entender o que aconteceu, ela recorre às câmeras de segurança da polícia e, para sua surpresa, assiste ela mesma caminhando bêbada pela rua antes de conhecer e transar com o homem em plena rua. E agora, o que fazer? O primeiro pensamento é fazer um aborto, mas quando ela está pondo em prática seu plano, acaba sendo salva pelo próprio homem que a engravidou.



Bob (Albert Dupontel) convence Ariene de que é inocente, e ela acaba comprando sua palavra, revendo o caso e tentando ajudá-lo. Porém, ela não conta que ele será o pai do seu filho, até que descobre que o crime ocorreu na noite do ano novo, e que o álibi que poderá tirá-lo da cadeia é justamente a noite que tiveram juntos.

O humor é meio bobo, superficial até, e lembra alguns dos filmes de Woody Allen no início de carreira (só que sem a parte filosófica e existencial). Ainda assim, garante boas risadas, como na cena em que Bob imagina diferentes formas de mentir que a vítima do crime sofreu, na verdade, um acidente. Ou ainda, na personificação do advogado gago, que não consegue dizer uma palavra corretamente perante o tribunal.



O experiente Jean Dujardian e até mesmo o diretor Gaspar Noé fazem uma ponta pequena mas interessante no filme. Os personagens principais não comprometem, e conseguem levar o enredo com leveza. O filme não tem muitas pretensões, mas ainda assim concorreu em algumas categorias do prêmio César. Trata-se de uma comédia para assistir sem esperar muito, mas está longe de ser uma perda de tempo.


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