sábado, 14 de outubro de 2023

Crítica: Jeanne du Barry (2023)


Conhecida como Madame du Barry, Marie-Jeanne Bécu foi uma cortesã francesa do século XVIII que alcançou a riqueza e a nobreza após se tornar amante principal do Rei Luis XV, de 1768 até a morte do monarca em 1774. Dirigido pela cineasta francesa Maiwenn (de Polissia e Mon Roi), Jeanne du Barry é um drama biográfico desta figura histórica, que apesar de ter defeitos evidentes, narra com esmero as engrenagens da controversa vida da nobreza nos séculos passados.


Jeanne (interpretada pela própria diretora) era filha de uma empregada e costureira, e teve sua educação bancada em um convento pelo patrão da mãe. Porém, logo cedo ela fugiu do local, que de longe não combinava em absolutamente nada com seu espírito livre e irredutível. Após trabalhar um tempo como leitora para uma viúva e ser expulsa depois se relacionar com o filho da mesma, Jeanne acaba usando sua beleza estonteante para entrar na vida da prostituição de luxo. Esse seu dom de sedução, que para muitos era incomparável, acabou chegando até os funcionários do Palácio de Versalhes, que tentavam encontrar uma nova amante para o Rei após a última e mais famosa delas, a Madame de Pompadour, falecer.

Ao ver Jeanne em uma cerimônia festiva no Palácio, o Rei (Johhny Depp em seu primeiro papel após as polêmicas envolvendo seu julgamento com Amber Head) se encanta e solicita a presença dela em seu leito. O que era para ser apenas mais uma de suas noitadas de prazer, acaba virando obsessão quando o Rei se apaixona pelo jeito excêntrico da jovem camponesa, e decide tê-la como sua nova "amante oficial". Para isso, no entanto, ela deveria ter no mínimo um título de nobreza, o que obrigou-a a se casar com seu próprio irmão, o conde Guillaume du Barry, para se tornar uma duquesa e enfim poder ser aceita na realeza. Pelo menos teoricamente, já que as filhas do Rei jamais aceitaram este relacionamento alegando que ela era vulgar demais para conviver com a Família Real, o que no fundo era apenas preconceito por ela vir de uma classe baixa.

O filme tem uma bela fotografia e uma direção de arte que nos transporta vividamente ao século XVIII, mas infelizmente peca ao não conseguir acertar o tom entre a comédia e o drama. A tentativa da diretora em ser debochado diante dos costumes e tradições da época acaba sendo bastante forçada, sobretudo na atuação dela mesma, que não passa seriedade e em vários momentos destoa dos demais. Johhny Depp, sempre conhecido por seus papéis carismáticos e expressivos, aqui também tem uma participação irreconhecível, e parece estar em um verdadeiro piloto automático. Apesar disso, Jeanne du Barry não chega a ser um filme descartável, pois consegue sustentar o ritmo até o fim e tem como principal mérito mostrar, com acidez, como a realeza era mais libertina do que se imaginava, mesmo que escondesse bem isso atrás de um filtro imaculado e recatado.

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