sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Crítica: Maestro (2023)


Com direção de Bradley Cooper, e produção de nada mais nada menos que Steven Spielberg e Martin Scorsese, Maestro chegou com muita pompa no catálogo da Netflix nesta última semana, sendo inclusive considerado a grande aposta do streaming para o Óscar de 2024. O filme tem o propósito de mostrar um pouco da vida e da trajetória profissional do maestro e compositor norte-americano Leonard Bernstein, conhecido por popularizar um gênero até então considerado da elite, além de ser responsável por trabalhos famosos como o musical West Side Story, que posteriormente foi adaptado para o cinema.


O filme inicia em meados dos anos 1940, quando aos 25 anos de idade, Bernstein (Bradley Cooper) ganha a chance de sua vida ao substituir o maestro Bruno Walter na Orquestra Filarmônica de Nova Iorque, em frente a um Carnegie Hall lotado e sem sequer ter ensaiado. A performance foi transmitida para o mundo todo e chamou a atenção do New York Times, que teceu elogios ao jovem maestro e o elevou a fama instantaneamente. Este início é promissor, mas é um dos poucos momentos grandiosos da carreira do músico que realmente ganha o destaque que merece, já que o roteiro infelizmente escolhe focar mais na sua relação com a esposa do que propriamente na sua obra e no seu legado.

Bernstein conheceu a conceituada atriz de teatro e televisão Felicia Montealegre (Carey Mulligan) em uma festa, ainda nos anos 1950, sem imaginar que ela seria sua companheira pelo resto da vida. Com uso de alguns saltos temporais esquisitos, logo vemos os dois casados, e posteriormente vivendo com três filhos, e a relação em si acaba não sendo desenvolvida ao ponto de criar uma química aos olhos do espectador, mesmo que o foco do filme fosse justamente o relacionamento dos dois. O casamento nunca impediu o maestro de continuar tendo casos, principalmente com homens, mas esta questão da sexualidade dele também acaba sendo mal desenvolvida, ficando apenas na superficialidade.

 

Bradley Cooper tem momentos ótimos na pele do protagonista, mas ao mesmo tempo tem momentos que são difíceis de compreender sua intenção. O fato é que o filme poderia facilmente ser chamado de "A Esposa de Leonard Bernstein", pois o filme é de Carey Mulligan. Ela que brilha e rouba a cena, em uma atuação estonteante e sublime, que certamente pode lhe render premiações ao longo do ano. O ponto positivo de Maestro é que ele definitivamente foge da estrutura clichê de um cinebiografia, e eu achei alguns momentos bem criativos neste sentido. A fotografia também é bela, tanto nos momentos em preto e branco, como nas cores que ajudam a separar os dois momentos distintos contados da vida de Bernstein. No entanto, Maestro é um filme que, no geral, carece de alma, e que prometia muito mais do que verdadeiramente cumpriu.

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