quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Crítica: Ninjababy (2023)


Lançado no Brasil diretamente no catálogo da Mubi, Ninjababy é uma das gratas surpresas desta reta final de ano. Com um humor peculiar, mas trazendo ao mesmo tempo um tom lúcido e dramático por trás, a diretora norueguesa Yngvild Sve Flikke nos faz adentrar na cabeça de uma jovem que tinha muitos planos para a vida e nenhum deles incluía ter filhos, mas que por descuido e obra do destino acaba descobrindo uma gravidez indesejada e já bastante adiantada.


O filme acompanha Rakel (Kristine Thorp), uma garota na faixa dos vinte anos que só descobre que está grávida quando já está com seis meses de gestação. Seu corpo não deu sinais aparentes, e quem percebeu as pequenas alterações hormonais foi sua melhor amiga, que é também que lhe obriga a fazer o teste comprobatório. O pai da criança? Pelos cálculos De Rakel é um homem que ela sequer sabe o nome, e que chama de "Dick Jesus", uma espécie de amigo colorido que ela só vê para transar.

Como não há mais tempo para um aborto, e o pai da criança também não demonstra no início a mínima intenção de ajudar ela no processo, Rakel precisa encarar a gravidez até o fim e enquanto isso busca encontrar alguém que adote a criança após ela nascer. Nesta busca, ela acaba se metendo em algumas situações inusitadas, contando sempre com a ajuda de seu professor de defesa pessoal Mos (Nader Khademi), que tem uma grande queda por ela.


Na teoria o roteiro lembra muito o filme "Juno", lançado em 2007, mas na prática possui a sua própria assinatura, a começar pela abordagem "politicamente incorreta" e sem rodeios. Os personagens são adoráveis, e é impossível não criar empatia pela protagonista logo de cara. Desenhista, ela sonha ganhar a vida como cartunista, e o "ninjababy" que dá nome ao título nada mais é do que uma representação animada que ela cria do próprio filho que está esperando, e que num recurso bem divertido do roteiro, volta e meia "conversa" com ela.

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