domingo, 22 de setembro de 2013

Recomendação de Filme #35

Enter The Void (Gaspar Noé) - 2009

Que os filmes do Gaspar Noé não são nada convencionais, isso todos sabem. Ele adquiriu um nome a zelar no mundo Cult, e é o típico diretor que você escolhe amar ou odiar. No entanto, apesar de já nos ter chocado com seu estilo único em Irreversível e Sozinho Contra Todos, com Enter The Void o diretor consegue ultrapassar todos os limites, em um dos seus trabalhos mais controversos.

No longa, acompanhamos a vida de dois irmãos que moram juntos em um apartamento na cidade de Tóquio. Óscar (Nathaniel Brown) é um traficante de drogas, enquanto Linda (Paz de La Huerta) trabalha como stripper em uma boate noturna. Logo na primeira cena, já nos deparamos com algo totalmente fora do comum: a câmera em primeira pessoa, que nos coloca literalmente dentro dos olhos de Óscar, com direito a piscadas e uma cena memorável em frente ao espelho. A técnica ficou incrivelmente perfeita, e confesso não lembrar de ter visto algo tão original em anos.
Assistimos a estória se desenrolar deste ângulo até Óscar ir a um bar se encontrar com um dos seus clientes. O encontro não passa de uma emboscada da polícia para prendê-lo, e na tentativa de fuga, ele acaba sendo baleado e morto.


A partir de então, o filme passa a fazer uma longa viagem metafísica sobre a vida após a morte, de uma forma atraente e ao mesmo tempo dolorosa, citando como base o Livro Tibetano dos Mortos e seus "estágios de morte", que é explicado logo início através do amigo de Óscar, Alex (Cyril Roy).
Como se a alma de Óscar vagueasse sobre aqueles que lhe eram próximos, somos apresentados a ocorrências do passado, presente e futuro, numa viagem alucinante cheia de planos sequências psicodélicos, que deixam o espectador um pouco tonto. O diretor também não poupa no uso de algumas cenas bizarras e grotescas (como o close interno de uma penetração em uma vagina), que faz seu estilo ser único no cinema atual. 

Para alguns, Noé não passa de um pretensioso, que usa de cenas fortes para chocar e adquirir sucesso em cima disso. Para outros porém, ele é um gênio, e um dos diretores mais criativos da nova geração. E eu, particularmente, não nego que faço parte do segundo grupo.

Enter the Void não é um filme para todos os gostos. É preciso estômago forte, e disposição para embarcar em uma viagem dentre as mais incríveis que o cinema já foi capaz de produzir. Mais que um filme, é uma experiência inesquecível, dessas que não deixam quem assiste indiferente.

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